Espanha vai ter de esperar até Janeiro para ver se tem Governo

Esquerda Republicana Catalã não quer decidir nada antes do fim do ano. Decisões judiciais envolvendo líderes independentistas podem influenciar o entendimento com o PSOE de Pedro Sánchez.

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Pedro Sánchez terá de esperar por 2020 para saber se será investido como primeiro-ministro espanhol Reuters/JUAN MEDINA

A Esquerda Republicana Catalã (ERC) não quer decidir antes do fim do ano se irá viabilizar a investidura do Governo espanhol, prolongando a indefinição sobre o futuro político do país até Janeiro.

A abstenção dos independentistas catalães numa segunda volta do debate de investidura de Pedro Sánchez é crucial para que o Governo de coligação entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Unidas Podemos (UP) possa entrar em funções. As bancadas dos dois partidos não são suficientes para que alcancem a maioria dos lugares no Congresso dos Deputados, mas numa segunda volta seria suficiente a maioria relativa para viabilizar o Executivo.

Porém, após algumas reuniões entre socialistas e independentistas, “as posições continuam afastadas”, disse esta segunda-feira a porta-voz da ERC, Marta Vilalta, que atirou para Janeiro a possibilidade de se chegar a um acordo. “Não se pode negociar e avançar à pressa”, acrescentou a responsável.

Os independentistas catalães não se querem comprometer com um calendário e apontam para um entendimento “depois do Natal ou depois do fim do ano”.

A posição da ERC derruba os planos dos partidos da coligação, que pretendiam tomar posse ainda em 2019. “Queríamos que acontecesse o quanto antes porque acreditamos que é necessário um Governo que trabalhe numa direcção progressista e de diálogo”, afirmou o secretário de organização do Partido Socialista da Catalunha, Salvador Illa, citado pelo La Vanguardia.

Na semana passada, os responsáveis das principais centrais sindicais foram à prisão visitar o líder da ERC, Oriol Junqueras, para lhe pedir que apoie a viabilização do Governo espanhol.

A ERC tem aproveitado as conversações com o PSOE para “promover uma mesa de negociação entre a Catalunha e o Estado espanhol”, afirmou Vilalta. Nos próximos tempos serão conhecidas várias decisões judiciais, como a possível inabilitação do actual presidente da Generalitat, Quim Torra, ou o levantamento da imunidade do próprio Junqueras, com potencial para influenciar o rumo das negociações entre os dois partidos.

“Tudo isso não condiciona apenas a ERC, mas também a totalidade da negociação e da actualidade política”, afirmou Vilalta. Para terça-feira está marcado um novo encontro entre delegações dos dois partidos.

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