Pequim proíbe computadores e software estrangeiros na administração pública

Decisão é um golpe para norte-americanas como a HP, Dell ou Microsoft. Até 2022, todas as entidades governamentais devem mudar para tecnologia caseira.

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REUTERS/Aly Song/Arquivo

O Governo chinês ordenou que todos os escritórios governamentais e instituições públicas removam computadores e software estrangeiros, ao longo dos próximos três anos, depois da decisão de Washington de banir aquisição de equipamentos da Huawei.

A directiva estipula que os compradores em diferentes sectores do Estado chinês ou que dependam de subsídios públicos passem a recorrer a fornecedores de tecnologia domésticos, num golpe para as norte-americanas HP, Dell ou Microsoft.

A medida faz parte de uma campanha mais ampla para reduzir a dependência da China de fornecedores estrangeiros no sector tecnológico, numa altura em que uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos tem alimentado preocupações de uma “dissociação” nas cadeias de fornecimento entre os dois países.

Segundo o jornal Financial Times, que avança com a notícia, a ordem terá vindo do Gabinete Central do Partido Comunista Chinês.

Em Novembro, o regulador de comunicações dos Estados Unidos excluiu o grupo chinês Huawei de todos os programas e compras que envolvam dinheiro do governo federal, alegando que a empresa representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

Washington, que acusa a Huawei de cooperar com o Governo chinês e os serviços de inteligência e de representar um risco para a segurança nacional dos EUA, tem ainda pressionado países aliados da NATO, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei das infra-estruturas para redes móveis de quinta geração (5G).

As autoridades norte-americanas restringiram ainda os negócios com empresas chinesas que desenvolvem sistemas de reconhecimento facial e outras tecnologias de inteligência artificia,l que acusam de estar associadas à repressão contra grupos minoritários muçulmanos na China.

Analistas da corretora estatal chinesa China Securities estimam que entre 20 a 30 milhões de peças serão trocadas como resultado da directiva chinesa, com a substituição em larga escala a arrancar no próximo ano. As substituições vão ocorrer a um ritmo de 30%, no próximo ano, 50% em 2021 e 20% no ano seguinte.

No entanto, analistas consideram difícil substituir o software por alternativas domésticas, já que a maioria dos fornecedores desenvolve produtos para sistemas operativos norte-americanos, como o Windows da Microsoft e o macOS da Apple.

Embora a Microsoft tenha produzido uma “Edição do Governo Chinês” do Windows 10, em 2017, através da sua joint venture chinesa, a directiva emitida por Pequim estipula que todas as entidades públicas devem mudar para sistemas operativos inteiramente chineses.

Os sistemas operativos caseiros da China, como o Kylin OS, têm um ecossistema muito menor de programadores a produzir software compatível.

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