Teve alta há nove meses, mas está numa cama do São José por não ter para onde ir

A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar, Rosa Valente Matos, lamentou elevado tempo de espera, indicando que se trata de um utente que não tem família e precisa de uma resposta de acolhimento.

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Entrada do hospital São José gmw guilherme marques

O Centro Hospitalar Lisboa Central tem diariamente uma média de 70 camas ocupadas com doentes que já deviam ter saído do hospital e há actualmente um caso que espera há nove meses por uma solução.

Em entrevista à agência Lusa, a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar, que integra o São José, disse que tem mais de 30 pessoas que já tiveram alta clínica a ocupar camas nos hospitais, sendo casos sociais, que necessitaram de apoio familiar ou de um lar, por exemplo.

A estes acrescem mais de 30 outras camas de pessoas que aguardam uma vaga na rede de cuidados continuados integrados. “Em média, temos entre 70 a 80 camas indevidamente ocupadas”, indicou Rosa Valente Matos.

Dos 31 casos sociais a ocupar camas no Centro Hospitalar, a responsável destacou a situação de uma pessoa que teve alta clínica há 265 dias sem que tenha sido possível encontrar uma solução. “É o caso social mais antigo, que não conseguimos resolver”, lamentou, indicando que se trata de um utente que não tem família e precisa de uma resposta de acolhimento, como um lar.

Rosa Valente Matos sublinhou que há um largo conjunto de pessoas “que não tem respostas ao nível da família”.

“Temos de trabalhar em rede, com as câmaras, com as juntas de freguesia, com as paróquias e criar uma rede de suporte e de apoio para estas pessoas. São este tipo de situações que precisamos de resolver e de encontrar resposta. A sociedade não está preparada para dar essa reposta e temos de a encontrar. É preciso agregar várias entidades”, afirmou.

A administradora refere que diariamente os profissionais do Centro Hospitalar vão resolvendo casos sociais na medida do que é possível, conseguindo pelo menos que o número de pessoas nesta situação não aumente.

Há ainda depois as camas “indevidamente ocupadas” por doentes que estão a aguardar uma vaga na rede de cuidados continuados integrados, que esperam muitas vezes dois, três ou mais meses”.

“Temos os casos sociais e estes casos. E não são só pessoas idosas. Há também pessoas mais jovens, na casa dos 40 ou 50 anos”, contou à Lusa.

Segundo o último Barómetro dos Internamentos Sociais da Associação dos Administradores Hospitalares, divulgado em meados deste ano, há cerca de mil camas todos os dias ocupadas por internamentos sociais nos hospitais públicos, sendo casos de pessoas já com alta clínica e que não precisariam de estar internadas.

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