Rio defende mais investimento para segurança

Presidente do PSD acredita mais na versão de Sandra Felgueiras sobre a reportagem do lítio que nas explicações da direcção de informação da RTP.

Foto
O presidente do PSD à saída esquadra de Alcântara LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O líder do PSD defendeu esta quinta-feira que o Governo deve canalizar mais investimento público para as áreas de soberania, depois de ter visitado uma “esquadra sem condições” em Lisboa. No final de uma visita de cerca de duas horas às instalações da 4.ª Divisão da PSP, na zona de Alcântara, Rui Rio disse ter escolhido uma “esquadra sem condições”, que replica muitas outras pelo país.

“Quem lá vai dentro vê que as condições em que os polícias aqui trabalham são muito fracas, reconheço a razão da PSP quando critica a forma como trabalha”, afirmou, numa iniciativa que ocorre duas semanas após uma grande manifestação das forças de segurança em Lisboa.

O líder do PSD defendeu que, desde que Portugal aderiu à União Europeia (em 1986, então CEE), “privilegiou muito o investimento público nas áreas que tinham uma participação comunitária”, o que não acontecia nem acontece nas funções de soberbia.

“Portugal tem de fazer um esforço no investimento público também nessas áreas que não têm comparticipação comunitária, mas que estão muito degradadas. Temos de fazer uma reflexão e canalizar o investimento público para áreas de soberania, designadamente a segurança e justiça”, afirmou, dizendo referir-se também aos tribunais.

Questionado se o PSD tenciona apresentar propostas nesse sentido, nomeadamente em sede orçamental, Rio defendeu que o partido apenas deve fazer propostas de “carácter simbólico”, depois de já ter afirmado noutra ocasião que o partido irá apresentar uma proposta “consentânea” com o compromisso eleitoral do partido de baixar o IVA da electricidade de 23 para 6%.

“Em sede de Orçamento do Estado, temos de ter uma atitude responsável, não fomos nós que ganhámos as eleições, não é o nosso programa que está a ser executado, eu não poso chegar ao Orçamento do Estado e pôr lá todas as propostas que estavam no nosso programa, isso tinha um carácter até demagógico”, defendeu.

Para Rui Rio, “a oposição tem obrigação de fazer alertas e depois o Governo é que tem responsabilidade de saber como orienta o investimento público”.

Rio chamou a atenção também para o problema de habitação de muitos polícias, que são de fora do local onde trabalham, e têm de arranjar alojamento com os “baixos salários” que ganham.

“A PSP tem algumas instalações a preços razoáveis, mas de fraquíssima qualidade e pouca oferta”, apontou, apelando a que o Ministério da Administração Interna encontre uma solução para estes casos. Rui Rio, que é também líder parlamentar do PSD, esteve acompanhado nesta visita pelo vice-presidente da bancada Carlos Peixoto e pelos deputados eleitos por Lisboa Filipa Roseta e Pedro Rodrigues.

O presidente do PSD manifestou-se também convicto que o adiamento do programa da RTP “Sexta às 9” sobre lítio se deveu a “razões políticas”, depois de ter ouvido no parlamento a jornalista responsável pelo programa e a Direcção de Informação. “Na Comissão de Cultura no Parlamento ficou evidente que o que a jornalista Sandra Felgueiras referiu é verdade, houve efectivamente ali um ajustamento no dia em que o programa foi para o ar, e é lícito pensar que foi por razões de ordem política”, afirmou Rui Rio.

O líder do PSD reconheceu que a Direcção de Informação da RTP disse que não foram essas as razões, mas formou a sua convicção. “A minha convicção, depois de ter ouvido os dois lados, é que foi por razões políticas, mas agora cada um fica na sua e tem a convicção que tem”, disse.

Na terça-feira, numa audição parlamentar que se realizou a pedido do PSD, a jornalista da RTP Sandra Felgueiras afirmou que “era possível” ter emitido o programa “Sexta às 9” em 13 de Setembro com o tema do lítio, acrescentando que antes o programa nunca tinha sido suspenso durante campanhas eleitorais.

Já a directora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, afirmou no Parlamento que “não chegou a informação de que havia notícia” sobre o lítio à direcção da estação, referindo-se ao adiamento do programa “Sexta às 9”. “Esta direcção de informação não guarda notícias na gaveta. À direcção de informação, à coordenação da RTP, não chegou a informação de que havia a notícia X e que estava pronta para ir para o ar”, disse Maria Flor Pedroso sobre a emissão do programa “Sexta às 9” que foi adiada para Outubro.

Sugerir correcção
Comentar