Nancy Pelosi anuncia que vão começar a ser formuladas acusações do impeachment de Trump

Nancy Pelosi afirma que “os factos são incontestáveis” e pediu às comissões da Câmara dos Representantes para redigirem as acusações contra o Presidente dos Estados Unidos.

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A speaker democrata da Câmara dos Representantes anunciou avanço do processo Reuters/ERIN SCOTT

A presidente democrata da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou esta quinta-feira que o processo de impeachment de Donald Trump vai avançar, depois das conclusões do relatório elaborado pela Comissão de Serviços Secretos. Vão ser redigidas as acusações ao Presidente que estarão na base do processo que decorrerá no Senado.

“Os factos são incontestáveis. O Presidente abusou do seu poder em benefício próprio e às custas da nossa segurança nacional”, declarou Pelosi, numa conferência de imprensa no Capitólio, em Washington. No entanto, a speaker da Câmara dos Representantes escusou-se a revelar o que poderá constar das acusações.

“É a nossa democracia que está em causa. O Presidente não nos deixa outra escolha que não agir, porque ele está a tentar, uma vez mais, corromper as eleições a seu favor”, acrescentou a líder democrata, referindo-se já às próximas presidenciais, de 2020, que estão no centro do processo de impeachment, disse apenas a líder dos democratas.

O processo de destituição, iniciado em Setembro pela maioria democrata, tenta aferir se Trump usou o seu cargo para forçar o Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a abrir uma investigação sobre a actuação do ex-vice-presidente Joe Biden e aos negócios do seu filho, Hunter Biden, naquele país. Para isso, o Presidente norte-americano bloqueou o fornecimento de ajuda militar à Ucrânia para combater os grupos pró-russos no Leste do país e fez depender um desejado convite a Zelensky para visitar Casa Branca de serem cumpridas as suas exigências. Esta história foi sendo revelada por várias testemunhas, e configura uma tentativa de prejudicar Joe Biden, o candidato que as sondagens dão como melhor colocado para ganhar as eleições presidenciais de 2020. 

Trump e o Partido Republicano negam estas acusações, argumentando que não está provado que houve um pedido de troca directa – denominado como “quid pro quo”.

Pelosi anunciou que vai pedir que sejam redigidos os artigos de impeachment, que são na verdade as acusações contra Trump a serem votadas pela Câmara dos Representantes.

Quase em simultâneo, Trump publicava uma mensagem no Twitter em que acusava os democratas “de não terem argumentos para o impeachment”. “Se me vão destituir, façam-no já, rápido, para que possamos ter um julgamento justo no Senado”, acrescentou.

Esta semana, a Comissão de Serviços Secretos apresentou o relatório elaborado a partir dos depoimentos a dezenas de antigos membros da Administração Trump e concluiu que o Presidente norte-americano cometeu abuso de poder. Porém, o documento contou apenas com os votos favoráveis dos congressistas democratas.

Na próxima fase, cabe à Comissão de Justiça redigir os artigos que fundamentam o pedido de destituição do Presidente que serão votados pela Câmara. Segue-se um julgamento realizado no Senado, presidido pelo presidente do Supremo Tribunal, no qual os senadores funcionam como júris e os membros da Câmara dos Representantes como procuradores da acusação. Os democratas estão convictos de que é possível votar a destituição na Câmara até ao Natal, segundo a imprensa norte-americana.

Até agora, tanto democratas como republicanos têm mantido a disciplina partidária em relação à destituição de Trump – um tema que também divide o eleitorado, de acordo com os estudos de opinião. Se esse panorama se mantiver, os artigos serão facilmente aprovados pela Câmara dos Representantes, onde os democratas são maioritários, mas não terá a luz verde do Senado, controlado por uma maioria republicana, onde são necessários dois terços do voto para que o Presidente seja efectivamente afastado.

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