Barcelos não deve dinheiro a Julio Iglesias por concerto em 2004

Cantor actuou na inauguração do Estádio Municipal de Barcelos. Fraca adesão do público levou a que contrato tivesse sido renegociado, mas empresa exigia o pagamento de 130 mil euros. Justiça deu razão à autarquia minhota.

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Julio Iglesias ADRIANO MIRANDA/ARQUIVO

O Tribunal Central Administrativo do Norte (TCAN) confirmou que a Empresa Municipal de Educação e Cultura de Barcelos já pagou tudo o que tinha a pagar pelo concerto de Julio Iglesias naquele concelho, em 2004.

Por acórdão de 31 de Outubro, consultado esta quarta-feira pela Lusa, aquele tribunal sublinha que houve renegociação dos valores do concerto e que o contrato ficou saldado. Em causa está uma acção movida pela empresa representante de Julio Iglesias, que exigia o pagamento de 130 mil euros, mais juros.

O processo relaciona-se com um concerto que a Empresa Municipal de Educação e Cultura (EMEC) de Barcelos contratou para a inauguração do Estádio Municipal daquele concelho, em 2 de Julho de 2004.

O contrato foi firmado com a sociedade comercial Golden Concerts, sediada em Gibraltar e que tem como objecto a representação exclusiva de Julio Iglesias para Portugal e para outros países de expressão portuguesa. Inicialmente, o concerto foi contratualizado por 325 mil euros, mas, entretanto, devido à fraca adesão do público, terá sido renegociado.

Por essa renegociação, o contrato ficaria saldado pelo pagamento imediato da quantia de 50 mil euros e pela preferência dada àquela sociedade comercial na festa de passagem de ano, o que veio a suceder. Aquando da renegociação, o representante da EMEC rasgou o contrato inicial, tendo também o representante da Golden Concerts rasgado “uns papéis, como se do seu exemplar do contrato referido se tratasse”.

No entanto, em 2012 aquele representante moveu uma acção em tribunal reivindicando o pagamento dos 130 mil euros alegadamente em falta mais juros, num total de perto de 225 mil euros. Na primeira instância, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) deu como provado que o concerto “foi um fiasco” e que, por isso, o contrato inicial “foi dado sem efeito”, tendo sido substituído por outro, com valor de 195 mil euros e tendo como contrapartida o pagamento imediato de 50 mil euros e a preferência à Golden Concerts na organização da festa de fim de ano em Barcelos.

Na sentença, o tribunal referia que a transparência do representante legal Golden Concerts “é muito duvidosa” e que ele se quis aproveitar da “ingenuidade” da EMEC na contratação de um espectáculo daquela envergadura, bem como do seu “deslumbramento fácil” perante a promessa de casa cheia.

O TAFB tinha ainda condenado a empresa representante de Julio Iglesias a uma multa superior a mil euros por litigância de má-fé.

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Estádio é utilizado pelo GIl Vicente Andre Rodrigues

Na sequência do recurso da empresa, o TACN anulou esta condenação, considerando que não ficou demonstrado que tenha intencionalmente falseado a verdade dos factos e/ou praticado quaisquer actos tendentes a entorpecer a acção da justiça.

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