Auditoria da UE concluiu que primeiro-ministro checo está em conflito de interesses

Andrej Babis é dono de uma das maiores empresas da República Checa, que recebeu subsídios da UE e do Estado.

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Andrej Babis Valentyn Ogirenko/Reuters

Uma auditoria da União Europeia revelou que o primeiro-ministro checo, o milionário Andrej Babis, está numa posição de conflito de interesses porque ainda detém uma das principais empresas do país, a Agrofert. O documento foi divulgado esta quarta-feira pelo jornal Denik N.

O documento sugere ainda que a empresa de Babis tem que devolver 451 milhões de coroas checas, cerca de 17,6 milhões de euros, que recebeu indevidamente de subsídios da União Europeia e do Estado checo.

Segundo a AFP, a auditoria foi encomendada no ano passado pela Comissão Europeia, a pedido de uma agência anti-corrupção e de um partido na oposição na República Checa, que questionaram a dupla posição de Babis (primeiro-ministro e dono de uma grande empresa) e se a Agrofert podia receber subsídios da UE uma vez que o chefe do Governo é o accionista maioritário.

Babis, que está em quarto lugar na lista de checos mais ricos, segundo a revista Forbes, disse quer não está em situação irregular. Citado pela AFP, disse que transferiu a sua holding de alimentos, químicos e media para dois fundos, como exige a lei checa sobre conflitos de interesse.

A auditoria prova o contrário.

“Andrej Babis ainda é o dono da holding Agrofert e, desde Fevereiro de 2017, de dois fundos que controla directamente”, diz a auditoria publicada pelo Denik N. O jornal conclui que Babis "tem interesse económico directo no sucesso da empresa”.

“Não percebo como a Comissão Europeia se atreve a interpretar a lei checa”, disse Babis, ignorando os pedidos para que se demita.

O Governo checo tem dois meses para responder à auditoria. 

A Agrofert recebeu subsídios da UE de 1,8 mil milhões de coroas (70 milhões de euros) em 2018, e 2,1 mil milhões em 2017, segundo a imprensa checa.

Babis, cuja governação foi contestada pelos cidadãos em Junho e Novembro - com manifestações com cerca de 250 mil pessoas cada uma, as maiores no país desde o fim do comunismo em 1989. Babis chefia um governo de coligação minoritário entre o seu partido centrista ANO (Sim) e os sociais-democratas.

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