Cecilia Bartoli é a primeira mulher a dirigir a Ópera de Monte-Carlo

A meio-soprano italiana toma posse em 2023, sucedendo a Jean-Louis Grinda, mas não deixará a carreira de intérprete. “É a concretização de um sonho.”

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Cecilia Bartoli LISI NIESNER/Reuters

A meio-soprano italiana Cecilia Bartoli, uma das mais famosas intérpretes da actualidade, vai ser a primeira mulher a dirigir a Ópera de Monte Carlo, anunciou a instituição na terça-feira. Bartoli, que já passou várias vezes pelos palcos portugueses, nomeadamente pela Gulbenkian, ocupará o cargo em 2023, sucedendo a Jean-Louis Grinda e cumprindo “um sonho”.

“É uma grande honra e uma grande responsabilidade”, disse a intérprete italiana na conferência de imprensa que decorreu na Salle Garnier, a sede da companhia. “Assumir a direcção da Ópera de Monte-Carlo constitui uma nova fase nesta [minha] carreira, mas é também a concretização de um sonho. Serei a primeira mulher a ocupar este posto e a primeira artista lírica a fazê-lo depois de Guy Grinda, o pai de Jean-Louis Grinda”, disse Bartoli em comunicado, em que sublinha como o seu lema vai guiá-la – “alimentar-me da tradição e trazer inovação”.

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Bartoli na terça-feira, na sua apresentação como futura directora artística Ópera de Monte-Carlo

De acordo com o New York Times, o novo cargo não vai afastar Bartoli dos palcos. A Ópera de Monte-Carlo indica ainda que a intérprete continuará como directora do conjunto barroco Musiciens du Prince, que criou com Jean-Louis Grinda no seio da Ópera e que recebeu o alto patrocínio do príncipe do Mónaco, Alberto II e da princesa de Hanover, os patronos da instituição.

A sucessão de Grinda surge a pedido do próprio, indica a instituição em nota no seu site, detalhando que o responsável pediu em Maio para abandonar o cargo que ocupa desde Julho de 2007. Foi também Grinda quem sugeriu o nome de Cecilia Bartoli, que foi aceite pela companhia e pela própria. A Ópera de Monte-Carlo abre ainda a porta para que Jean-Louis Grinda continue a colaborar com a instituição como encenador.

Para Cecilia Bartoli, o futuro cargo tem um simbolismo especial, visto que foi em Monte-Carlo, com O Barbeiro de Sevilha, que se estreou em palco em 1989. “A Salle Garnier é provavelmente uma das casas de ópera mais belas do mundo, as suas dimensões e a sua acústica são perfeitas – uma verdadeira jóia…”, diz no comunicado que anunciou a sua nova aventura profissional.

Cecilia Bartoli, de 53 anos, já se descreveu ao PÚBLICO como “um Indiana Jones da ópera lírica” e é protagonista, como escreveu a crítica Cristina Fernandes, “de um percurso brilhante e singular que fez dela uma das cantoras mais mediáticas do nosso tempo”. Desde 2012 é directora do Salzburg Whitsun Festival, ou Festival de Pentecostes ("Pfingstfestspiele”, no alemão original), fundado por Herbert von Karajan em 1973, cargo que vai manter.

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