Mourinho leva Tottenham ao melhor ciclo da temporada

Londrinos batem Bournemouth, por 3-2, e alcançam terceiro triunfo consecutivo sob a batuta do técnico português, que quer repetir com os “spurs” os êxitos ao serviço do Chelsea.

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A boa estrela de José Mourinho parece estar de volta Reuters/DAVID KLEIN

Bill Nicholson (1919-2004) é, de longe, a maior figura da história do Tottenham. Durante 38 anos serviu o clube como jogador, treinador e dirigente e está associado às grandes glórias dos anais dos “spurs”, entre as quais os seus dois únicos campeonatos ingleses. O primeiro (1950-51) como jogador e o segundo (1960-61) como técnico. Nesta condição, dirigiu a equipa durante 18 temporadas consecutivas, coleccionando oito grandes troféus.

Incomparavelmente com menor longevidade ao serviço de um único emblema, José Mourinho amealhou em várias geografias um palmarés bem mais sonante do que o seu antigo antecessor no banco do Tottenham. No total, soma 25 títulos, destacando-se as duas Ligas dos Campeões e oito campeonatos divididos entre Portugal (2), Espanha (1), Itália (2) e Inglaterra (3).

Se durante a sua ligação aos “spurs” voltar a festejar um título inglês, ascenderá também à restrita galeria dos grandes heróis deste clube londrino, à semelhança do que ocorreu no Chelsea quando encerrou logo na época de estreia (2004-05), um jejum de títulos no campeonato que durava há meio século.

Três jogos, três vitórias

Tal como era o Chelsea antes da chegada de Mourinho, o Tottenham é um “gigante” com pés de barro no futebol. Sendo um dos clubes reconhecidamente com mais adeptos no futebol inglês, não tem conseguido vincar o estatuto com títulos. O último, uma Taça da Liga, foi festejado já há 12 anos e é a única conquista da equipa no século XXI.

Os responsáveis dos “spurs” estão determinados em inverter este fatalismo e colocar a equipa num patamar que acreditam merecer. Depois de algumas escolhas para o banco que ficaram muito aquém do êxito desejado – entre os quais André Villas-Boas, antigo adjunto do setubalense -, optaram pela experiência do antigo ex-treinador do Manchester United.

Para já, este “casamento” continua a atravessar um estado de graça, com três triunfos consecutivos, o melhor ciclo da equipa esta temporada. Mas os resultados, apesar de positivos, não escondem as fragilidades que a equipa tem manifestado desde o arranque da época.

Nos três encontros liderados pelo técnico setubalense, o Tottenham sofreu seis golos, ao ritmo de dois por partida. Foi assim também este sábado, no triunfo caseiro frente ao Bournemouth (3-2), para a Premier League (que permitiu aos londrinos saltar, provisoriamente, da décima para a quinta posição da classificação), onde se repetiu o filme da recente deslocação ao terreno do West Ham (2-3) para a mesma competição, que marcou a estreia de Mourinho no banco.

"Spurs” de pontaria certa

No “derby” londrino, os “spurs” venciam por 3-0 aos 49’, mas deixaram o West Ham recuperar até à desvantagem pela margem mínima. Este sábado, alcançaram a mesma vantagem de três golos aos 69’, voltando a permitir a resposta do adversário na fase final. E até o momento dos golos sofridos coincidiu: 73’ e 90'+6’.

Pelo meio, uma partida da fase de grupos da Liga dos Campeões inverteu um pouco esta lógica. Não pelo número de golos consentidos, mas pelas incidências do encontro. Frente aos gregos do Olympiacos, os londrinos começaram por ser surpreendidos no seu estádio.

Ao intervalo, o conjunto visitante, treinado pelo também português Pedro Martins, vencia surpreendentemente por 2-0. E só uma grande reacção da formação inglesa no segundo tempo, permitiu uma reviravolta sobejamente festejada nas bancadas e que terminou com o 4-2 final e com a passagem aos oitavos-de-final da competição milionária da UEFA assegurada.

Às claras fragilidades defensivas – o Tottenham já sofreu 32 golos esta temporada em 20 partidas oficiais disputadas, numa média de 1,6 por encontro -, a equipa tem respondido com acerto atacante, pelo menos nos últimos encontros. Até ao momento, apontou 41 golos, oito dos quais na gestão de Mourinho, que correspondem a 19,5% do total. Nada mal para o treinador que era acusado de impor um estilo de jogo defensivo.

Ou então o português assumiu o espírito do mítico Bill Nicholson que um dia terá dito (embora a frase não seja consensual): “É melhor fracassar almejando o máximo do que ser bem-sucedido com as ambições mínimas. E nós, os ‘spurs’, pusemos os nossos objectivos bem altos, tão altos que mesmo um fracasso terá ecos de glória.”

City e Chelsea cedem

Antes da partida do Tottenham, neste sábado, o Manchester City não foi além do empate frente ao Newcastle (2-2), o que levou a equipa a atrasar-se um pouco mais do primeiro lugar. O mesmo aconteceu ao Chelsea, que perdeu em casa com o West Ham (0-1).

Cada vez mais isolado no topo da classificação continua, assim, o Liverpool que recebeu e bateu também este sábado o Brighton, por 2-1. 

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