Portugal longe do “pote da felicidade” no sorteio do Euro 2020

O sorteio da fase final do Europeu de futebol está marcado para este sábado (17h) e há muita coisa que pode correr mal a Portugal.

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O sorteio da fase de qualificação Reuters/CLODAGH KILCOYNE

A defesa do título europeu, no Euro 2020, já está a começar mal para Portugal. Neste sábado, no sorteio da fase final (17h), a equipa portuguesa fará parte do pote 3, estando à mercê do encontro com alguns “tubarões”. Mas a premissa inicial deste texto não se prende, apenas, com a teórica desvantagem do pote 3.

É que, além disso, os melhores desempenhos de Portugal nos Europeus coincidiram com as duas ocasiões em que ficou no pote 1: no Euro 2004, por ser anfitrião, e no Euro 2016, por via do bom ranking do momento. Nas duas ocasiões Portugal chegou à final, conquistando a prova em Paris, em 2016. O pote 1 é, por isso e para Portugal, o “pote da felicidade”.

Sorteio muito condicionado

A perda do grupo B para a Ucrânia fez Portugal sair, logo à partida, de um lugar no pote 1, reservado aos vencedores dos grupos de qualificação. Mas Portugal também perdeu o pote 2. Os 17 pontos somados na fase de apuramento foram bastante curtos para a selecção poder ambicionar ser uma das duas melhores segundas classificadas, às quais foram dados os últimos lugares no pote 2.

Desta forma, Portugal caiu no pote 3. Por pouco — é a melhor equipa do pote 3 —, mas caiu. E esta posição no sorteio pode dar à selecção nacional o confronto com Itália, Espanha, Alemanha, Inglaterra ou Ucrânia (Bélgica não poderá ser, por condicionantes do sorteio), como adversários chegados do pote 1, aos quais se adicionará qualquer um dos representantes do pote 2.

Em matéria de condicionantes, o facto de esta ser uma competição com várias cidades-sede — é a primeira vez que o Euro se jogará em mais do que dois países — dá uma índole diferente ao sorteio da fase final. Desde logo, porque as selecções que receberão jogos no seu país têm de ficar, naturalmente, nos grupos cujos jogos serão disputados nesse país.

Isto define, à cabeça, que a Itália ficará no grupo A (para jogar em Roma), Rússia e Dinamarca no B (para jogarem em São Petersburgo e Copenhaga), Holanda no C (para jogar em Amesterdão), Inglaterra no D (para jogar em Londres) e Espanha no E (para jogar em Bilbau). Também Bélgica (no grupo B) e Ucrânia (no grupo C), como restantes equipas do pote 1, já têm grupo atribuído. Nota para o grupo B, cuja composição, por via destas condicionantes, já tem três das quatro equipas: Bélgica, Rússia e Dinamarca. E este nunca será o grupo de Portugal.

Ainda em matéria de cidades-sede, não existe nenhuma que seja, claramente, um factor positivo para Portugal. Não há cidades portuguesas e nem há nenhuma que seja aglutinadora de emigrantes, como seriam localidades em França, Suíça ou Luxemburgo.

Por isto, Portugal poderá ter algum interesse em ficar no grupo E, tendo a possibilidade de disputar jogos em Bilbau, no Norte de Espanha. O outro grupo teoricamente mais interessante para Portugal será o C (jogado em Amesterdão e Bucareste), já que tem a teoricamente mais acessível Ucrânia e a Holanda, equipa há alguns anos afastada dos bons resultados em competições internacionais.

Os “tubarões” no caminho

Bélgica, Dinamarca e Rússia são as equipas que Portugal certamente não enfrentará na fase de grupos do Euro 2020. E o caso da Bélgica pode ser motivo para um suspiro de alívio, já que os belgas somaram por vitórias todos os jogos da qualificação — ainda que num grupo acessível. A selecção nacional, por não ter condicionantes para este sorteio, pode, portanto, defrontar qualquer das outras equipas. Entre elas, alguns “tubarões”.

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Como explicado na composição dos potes, o estatuto de equipa de pote 3 dará a Portugal um “presente” vindo do pote 1 ou até mesmo dois “presentes”, caso lhe bata o azar à porta vindo do pote 2.

No 1, a renovada Inglaterra e a sempre temível Alemanha serão os adversários a evitar. Os ingleses fizeram uma qualificação quase perfeita, com sete triunfos em oito jogos, e parecem ter, depois de muitos anos, uma equipa com talento em todos os sectores: Alexander-Arnold na defesa, Sterling na criação e Kane na finalização dotam a equipa de valências tremendas, sobretudo a nível ofensivo.

A Alemanha fez o mesmo registo da Inglaterra, mas é, nos dias de hoje, uma selecção bastante mais jovem do que habitualmente costuma ser nas grandes competições, com tudo o que isso traz de bom e de mau para uma selecção em busca de um título.

Num segundo patamar devem ser colocadas a Espanha — nível exibicional intermitente, mas sempre poderosa — e a renovada Itália, que, apesar de ter perdido com Portugal na Liga das Nações, parece já ser uma equipa bem distinta dessa. Para melhor. E os 30 pontos em 30 possíveis atestam-no.

Pote 2 é a chave

Com um pote 1 tão rico em matéria de qualidade, a “chave” deste sorteio deverá ser mesmo o pote 2. Com um “brinde”, Portugal terá um grupo acessível. Com um “tubarão”, Portugal poderá entrar no chamado “grupo da morte”. E, aqui, quem entra na equação são os finalistas do último mundial. A França, campeã do mundo, será o maior “tubarão” do pote 2, mas a Croácia também deve ser vista como um adversário temível.

Neste contexto, Portugal tem, em teoria, “escolhas” simples: do pote 1, a Ucrânia será o adversário mais simpático, enquanto uma Polónia ou uma Suíça, do pote 2, também não sejam de enjeitar. O pote 4, ainda muito indefinido, é pouco analisável, já que falta saber que equipas estarão no Euro 2020 por via do play-off da Liga das Nações.

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