Bloco de gelo em vez de Johnson leva a queixa contra Channel 4

Primeiro-ministro britânico não quis participar no debate; estação de televisão não quis aceitar alguém que não fosse o líder do partido.

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O bloco de gelo que esteve no lugar de Boris Johnson no debate sobre o clima (outro igual esteve no lugar de Nigel Farage) Kirsty O'Connor/EPA

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, não quis participar num debate sobre alterações climáticas no Channel 4, com outros líderes partidários, antes da eleição de 12 de Dezembro. O canal decidiu marcar a sua ausência com um bloco de gelo.

O Partido Conservador não gostou e queixou-se de “quebra das regas da imparcialidade”. O partido disse que o antigo ministro do Ambiente Michael Gove estava disponível para participar no debate em vez de Johnson, mas o canal declinou, já que o convite era apenas dirigido aos líderes dos partidos.

O líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, também não participou no debate – e também foi substituído por um bloco igual.

O Partido Conservador escreveu ao regulador da comunicação social Ofcom queixando-se de um “truque partidário provocatório”.

Boris Johnson também se tem recusado a dizer se vai participar numa entrevista com Andrew Neil, que já recebeu respostas positivas dos líderes do Partido Trabalhista, Partido Nacional Escocês (SNP), Liberais-Democratas e Partido do Brexit. Johnson disse que vai ter “todo o tipo de entrevistas com todo o tipo de pessoas”, mas não confirmou se iria participar na entrevista da BBC.

"Fugir ao escrutínio"

Enquanto isso, fontes do Partido Conservador disseram ao site BuzzFeed e ao jornal The Telegraph que “se formos reeleitos teremos de rever as obrigações de serviço público do Channel 4”. A licença de serviço público do canal privado pode ser renovada em 2024.

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Os participantes no debate: Jo Swinson (Partido Liberal Democrata), Nicola Sturgeon (Partido Nacional Escocês) leader Adam Price (Plaid Cymru), Jeremy Corbyn (Labour) Sian Berry (Verdes), e o jornalista Krishnan Guru-Murthy Kirsty O'Connor/EPA

O Partido Trabalhista, que segundo as últimas sondagens está bastante atrás do Conservador (32% para o Labour contra 43% para os tories), acusou Johnson de fugir ao escrutínio.

Lewis Goodall, jornalista da Sky News, criticou a ameaça no Twitter. “Penso que todos sabemos qual seria a nossa reacção se lêssemos um artigo sobre outro país em que um líder político nacional ameaçasse retirar uma licença de um emissor porque não gostava da sua cobertura.”

Goodall faz de seguida uma série de perguntas a que Johnson ainda não respondeu, desde que impostos subiria para compensar os cortes que propôs, em que áreas propõe divergir das regras da União Europeia e em que áreas não, e o que diz um relatório sobre a alegada interferência da Rússia na política britânica que o Governo recusou divulgar antes das eleições.

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