Procura externa explica abrandamento do terceiro trimestre

Num cenário de deterioração da conjuntura internacional, as importações cresceram mais que as exportações no terceiro trimestre, conduzindo a um abrandamento do Produto Interno Bruto (PIB).

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Rui Gaudencio

O ritmo mais lento de crescimento registado pela economia portuguesa durante o terceiro trimestre deste ano deveu-se essencialmente a um contributo mais negativo das relações com o exterior, confirmando que Portugal, apesar de continuar a crescer acima da média europeia, está a sentir o impacto negativo da deterioração da conjuntura internacional.

Os dados das contas nacionais do terceiro trimestre publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística vieram confirmar a informação revelada no início do mês na estimativa rápida, acrescentando agora detalhes sobre a forma como se comportaram as diversas componentes do PIB.

Assim, tal como já tinha sido indicado, o PIB registou no terceiro trimestre uma variação em cadeia de 0,3%, um abrandamento face ao ritmo trimestral de crescimento de 0,6% que se tinha registado na primeira metade do ano. Em comparação com o período homólogo, a variação do PIB manteve-se nos 1,9%.

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O abrandamento de 0,6% para 0,3% deveu-se, revela agora o INE, a um contributo mais negativo da procura externa líquida (exportações menos importações). Durante o terceiro trimestre as exportações caíram (0,8% face ao trimestre anterior), enquanto as importações cresceram (0,7% face ao trimestre anterior). Isto fez com que o contributo da procura externa líquida para a variação trimestral do PIB tenha passado de zero para -0,6%.

Estes resultados podem ser explicados em larga medida com a conjuntura de abrandamento económico que se vive a nível mundial e especialmente na Europa, onde se encontram os principais clientes das exportações portuguesas. Países como a Espanha e a Alemanha têm vindo a registar uma travagem da actividade económica que se reflecte necessariamente na capacidade das empresas portuguesas para venderem mais para o estrangeiro.

Aquilo que acabou por limitar o abrandamento da economia portuguesa no terceiro trimestre foi o facto de a procura interna ter aumentado o seu contributo positivo. Em especial, o consumo privado registou uma aceleração significativa, tendo apresentado uma variação em cadeia de 1,1%, quando no segundo trimestre este indicador se tinha ficado pelos 0,6%. O investimento abrandou ligeiramente, mas manteve um ritmo de crescimento forte, de 1% (no segundo trimestre tinha sido de 1,2%).

Feitas as contas, o contributo da procura interna para a variação trimestral do PIB passou de 0,6% no segundo trimestre para 0,9% no terceiro.

Em termos homólogos, não só a variação do PIB se manteve inalterada, como os contributos também. Este ritmo de crescimento coloca a economia em linha com aquilo que é a previsão do Governo para o total de 2019, uma vez que, caso se mantenha no quarto trimestre o ritmo de crescimento trimestral de 0,3% agora registado, a variação anual do PIB seria de 1,9%, o valor estimado pelo Executivo.

Durante este ano, a economia portuguesa está a crescer acima da média da zona euro, com a variação do PIB a superar em particular as economias mais ricas e de maior dimensão, como a Alemanha, França ou Itália. Outras economias mais pequenas e menos ricas, especialmente a leste, mantém taxas de crescimento mais elevadas do que a portuguesa.

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