Contra a luz de António Júlio Duarte

Entre 2008 e 2009, na companhia de quatro músicos, percorreu a costa Leste dos EUA. E viu os lugares, objectos, pessoas que habitam as páginas do seu mais recente livro, Against The Day. Retrato de um território em que se espelha outro retrato: o de um artista que fotografa, com pudor, o que resiste a ser fotografável. Sensível à respiração violenta do mundo e à opacidade das coisas.

Foto
António Júlio Duarte

Folheia-se Against The Day, o quinto livro de fotografia de António Júlio Duarte pela editora Pierre Von Kleist, e quer-se reconhecer os lugares, os objectos, as pessoas, as paisagens. Perceber o que mostram, dizer o que são. O desejo é compreensível. Afinal, as imagens são da América dos Estados Unidos, do nosso imaginário. E, no entanto, nem sempre respondem às perguntas que lhes fazemos. Limitam-se, amiúde, a exibir o mutismo das superfícies, da fotografia. Como se aquilo que retratassem não pudesse ser, totalmente, aceite, isto é, tornada objecto de discurso. Algo de semelhante já se havia visto na exposição Mercúrio, Galeria Zé dos Bois, em 2015, nas individuais realizadas na Galeria Pedro Alfacinha (em 2016 e 2017) ou no livro White Noise, também com a chancela da Pierre Von Kleist (2011). Ora, Against The Day cobre precisamente, em termos cronológicos, estes momentos. Em certo sentido, lembra-os, mas, sobretudo, exprime a construção de um ponto de vista sobre o real e a fotografia. E vai falando das afinidades, de relações, dos encontros de António Júlio Duarte.

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