Agricultores franceses protestam em Paris contra receitas estagnadas

Diante do Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen afirmou que a agricultura “vai continuar a ser uma parte valiosa da cultura e do futuro” europeus.

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Protesto dos agricultores franceses CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA
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PASCAL ROSSIGNOL/Reuters
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O sector agrícola francês, descontente com receitas estagnadas e “concorrência desleal”, protestou hoje nas cidades de Lyon e Paris, à semelhança das manifestações de terça-feira de milhares de agricultores na Alemanha.

O protesto atrapalhou o tráfego na capital francesa, com os agricultores de todo o país a tentarem bloquear o acesso à cidade usando mil tractores.

Os tractores, disseram, iam permanecer estacionados na via que circunda Paris até que o Presidente francês, Emmanuel Macron, aceitasse reunir-se com os manifestantes, segundo a porta-voz do sindicato dos agricultores, Elise Despiney. Podem ali ficar por “horas ou talvez dias”, acrescentou.

“Responda, Macron!”, era o principal pedido dos manifestantes que avançavam em direcção ao extremo sudoeste da cidade, ocupando duas faixas da estrada enquanto eram mantidos sob escolta policial.

Alguns agricultores montaram tendas e acenderam fogueiras na estrada circular de Paris, enquanto outros bloquearam a Avenida dos Campos Elísios.

De acordo com a presidência francesa, nenhuma reunião entre Macron e uma delegação do sector agrícola foi planeada.

As queixas dos agricultores incluem acordos de livre comércio que, segundo eles, os deixam em desvantagem, uma reforma do Governo que não aumentou as suas receitas e regulamentos que prejudicam o desempenho do sector.

O presidente do sindicato dos agricultores da região de Paris, Damien Greffin, culpou Macron pelos problemas dos agricultores, a quem chamou de “instrumento destas divisões” numa entrevista à BFM TV.

O ministro da Agricultura, Didier Guillaume, disse à rádio francesa Europe 1 que apoia “a raiva e o protesto” dos agricultores e que “já chega” de “denegrição permanente” e da disparidade entre moradores da cidade e agricultores.

As manifestações em França surgem após protestos semelhantes na Alemanha na terça-feira, quando cerca de dez mil agricultores se dirigiram a Berlim com 5000 tractores para protestar contra as políticas agrícolas do Governo da chanceler alemã, Angela Merkel.

Em Outubro, agricultores bloquearam estradas na Holanda em protesto contra a acusação de serem os culpados pela poluição por azoto naquele país.

A próxima presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (a nova Comissão entra em funções dia 1 de Dezembro), garantiu esta quarta-feira que a agricultura vai continuar no centro do debate europeu.

Diante do Parlamento Europeu em Estrasburgo, Ursula von der Leyen afirmou que a agricultura, que obtinha metade do orçamento da UE antes de começar a diminuir gradualmente, “vai continuar a ser uma parte valiosa da cultura e do futuro” europeus.

Horas antes de o Parlamento Europeu dar luz verde à nova Comissão Europeia, a alemã prometeu “acesso ao capital para jovens agricultores” para aumentar o seu rendimento e insistiu em medidas contra a concorrência global injusta que os agricultores europeus temem cada vez mais que prejudique os preços do mercado interno.

Segundo a futura presidente, os parceiros comerciais da UE “devem cumprir as normas ambientais europeias” se quiserem importar produtos agrícolas.

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