O lema deste concurso desafia os alunos das escolas secundárias a deitar mãos à mais ambiciosa das tarefas: “Realiza os teus sonhos”. Ano após ano, estudantes de todo o país são convidados a concorrer com filmes inéditos, de tema livre, cuja duração não exceda oito minutos e meio. Num exercício de inegável coerência, a divulgação de cada edição da iniciativa, promovida pelo clube de cinema 8 e meio, da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, passa pela produção de um cartaz alusivo a um título maior da história da sétima arte.
Desta vez, a inspiração foi bebida no mundo vampírico de Nosferatu. A réplica de nau quinhentista fundeada no rio Ave, em Vila do Conde, serviu de cenário à recriação de ambientes do filme realizado, em 1922, por Friedrich Wilhelm Murnau. Foi assim que a décima terceira edição do concurso se deu a conhecer. Os participantes tiveram de entregar os filmes até 31 de agosto. Agora, em novembro, chega a altura de atualizar a mensagem e anunciar que se aproxima o dia em que serão conhecidos os vencedores: é já no próximo sábado, dia 30, no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim, às 21h30.

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O programa é vasto. Inclui, para além da projeção dos filmes vencedores, uma revisitação do cinema de Georges Méliès e a revelação do trabalho de jovens cineastas. Antes, em sessões às 15h30 e 16h45, serão exibidos filmes a concurso. Os prémios têm o valor de 600, 400 e 200 euros. Existe ainda uma outra distinção (150 euros), não acumulável com os três primeiros prémios, atribuída ao melhor filme de um aluno matriculado na Escola Secundária Eça de Queirós.  

Ligado ao concurso desde o início, em 2007, está o professor Luís Nogueira, coordenador do clube de cinema 8 e meio. No primeiro ano, a competição circunscrevia-se à Secundária Eça de Queirós e premiava os melhores filmes sobre a cidade da Póvoa de Varzim. Logo depois, em 2008, podiam já participar estudantes das escolas secundárias da área da Direção Regional de Educação do Norte; “a minha vida dava uma curta-metragem” era o tema. O passo seguinte foi alargar o concurso a todo o território nacional.

“Evolução da sensibilidade” dos alunos

Acompanhá-lo durante tanto tempo, edição a edição, permite a Luís Nogueira constatar como, à semelhança do país, também as questões e as abordagens eleitas pelos jovens foram mudando. Olhar retrospetivamente para os filmes apresentados torna possível, de certa forma, “traçar a evolução da sensibilidade” dos participantes: “As temáticas são muito coladas ao que os alunos viveram, ao contexto (eles vivem muito o presente). Foram ficando mais cáusticas. Fazer um filme em 2009 não é fazer um filme em 2019, o que os cerca é diferente. Há muitos filmes perturbantes, a abordar questões de fronteira. Talvez estejam a ficar mais políticos, não sei.” No campo das certezas, uma coisa que deixa o professor feliz é ver como “muita gente” deixou que o interesse pelo cinema, posto em prática no Concurso 8 e Meio, se prolongasse no tempo, nalguns casos mesmo a nível profissional.

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Incentivar a expressão pessoal sobre o mundo é um dos grandes objetivos assumidos pela organização do concurso. “Esperamos contribuir para encurtar a distância que ainda existe no nosso país entre a fruição autodidata da televisão e, mais raramente, do cinema, e a possibilidade de expressão através do audiovisual, recorrendo às aprendizagens do seu leque poderoso de conteúdos e do seu poder mágico de nos transmitir as mensagens mais complexas”, lê-se no texto de apresentação.

Os filmes vencedores das doze edições anteriores podem ser vistos no site do clube 8 e meio. No ano passado, o primeiro prémio foi para La Forêt, de Kevin Cunha, aluno da Escola Secundária Eça de Queirós. Para saber quem são os vencedores deste ano já não vai ser preciso esperar muito mais.