Empate técnico nas presidenciais uruguaias obriga a recontagem dos votos

Resultados oficiais serão conhecidos apenas na sexta-feira. Os dois candidatos ficaram separados por menos de 30 mil votos.

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Luis Lacalle Pou obteve uma ligeira vantagem, mas os resultados oficiais ainda não foram divulgados Reuters/MARIANA GREIF
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As sondagens atribuíam um mau resultado ao líder da Frente Ampla, Daniel Martínez Reuters/ANDRES CUENCA

A segunda volta das eleições presidenciais uruguaias de domingo mostrou um país dividido quase na perfeição ao meio. Apesar de o líder da coligação de direita, Luis Lacalle Pou, ter declarado vitória, a divulgação dos resultados oficiais foi adiada para sexta-feira, deixando o Uruguai em suspenso até lá.

Com a totalidade dos votos contabilizados, Lacalle Pou alcançou 1.168.019 dos votos face ao seu adversário da Frente Ampla, Daniel Martínez, que obteve 1.139.353. A escassa diferença entre os dois candidatos é inferior à margem de erro e, segundo o diário uruguaio El País, há mais de 35 mil boletins de votos observados, ou seja, de eleitores que votaram em círculos diferentes daqueles em que estão inscritos.

Cabe agora aos tribunais eleitorais validar esses votos nos próximos dias e é aí que recai a esperança da Frente Ampla, que está no poder desde 2005.

A recuperação do candidato de centro-esquerda surpreendeu a generalidade dos analistas que aguardavam uma vitória tranquila de Lacalle Pou. O líder do Partido Nacional conseguiu congregar em torno da sua candidatura outras formações de direita, como o tradicional Partido Colorado, e o Cabildo Abierto, de extrema-direita.

Ao longo da noite, a decepção foi tomando conta dos seus apoiantes à medida que os resultados mostravam a tendência de empate entre os dois candidatos. Ainda assim, Lacalle Pou. “Estamos convictos de que a 1 de Março irá tomar posse um novo governo”, afirmou o ex-deputado, perante uma multidão que gritava “Presidente! Presidente!”.

Lacalle Pou criticou o seu adversário por não ter concedido a derrota nem lhe ter dado os parabéns e assegurou que o actual Presidente, Tabaré Vázquez, lhe telefonou.

O candidato da Frente Ampla celebrou a recuperação face às sondagens e disse que “o impossível foi possível”. Daniel Martínez tinha a difícil missão de conseguir assegurar um quarto mandato consecutivo para candidatos de esquerda no Uruguai. Para além do desgaste de quase duas décadas no poder, a Frente Ampla viu-se envolvida em escândalos de corrupção que provocaram a demissão do vice-Presidente, Raúl Sendic.

A aproximação de Lacalle Pou à extrema-direita personificada pelo general Manini Ríos, líder do Cabildo Abierto, poderá ter levado parte do eleitorado moderado a votar em Martínez, segundo alguns analistas. Ríos e o seu partido defendem abertamente posições homofóbicas, antifeministas e celebram os militares acusados de tortura durante a ditadura uruguaia (1973-1984).

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