“Brilhante”: Michael Mann escreve uma carta a elogiar Joker

Realizador de Heat louva obra “original e não derivativa”. Filme de Todd Philips ultrapassa mil milhões de dólares de receitas de bilheteira e continua caminhada para a temporada de prémios.

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Joaquin Phoenix como Arthur Fleck em Joker Warner Bros.

Um nome mais se juntou à torrente contínua de textos e comentários sobre Joker, o filme de Todd Philips que esta semana ultrapassou os mil milhões de dólares de receitas de bilheteira e que continua a ser um favorito para os Óscares: o reservado realizador Michael Mann escreveu uma carta em que declara o seu amor pelo filme “brilhante” protagonizado por Joaquin Phoenix.

Citada pelo site IndieWire, a carta de Michael Mann tem origem num compromisso falhado. O realizador tinha-se comprometido a entrevistar Philips num evento especial em que o filme foi exibido, mas teve de cancelar. Ainda assim, quis deixar o seu testemunho sobre o filme que tanto debate e dinheiro tem gerado, enviando uma curta missiva para ser lida na mesma sessão em Los Angeles. O site cita-o arrancando logo com um “adoro este filme”.

“Acho que é brilhante e que é não só o melhor filme do Todd mas também algo entusiasmante porque existe numa fronteira. E é aí que normalmente acontecem as melhores coisas. O guião de Todd e Scott [Silver] tem a relevância que acontece quando uma obra é original e não derivativa”, defende o realizador de Heat – Cidade sob Pressão ou Inimigos Públicos.

Mann prossegue, falando de como “achamos Arthur [a personagem de Phoenix que protagoniza o filme] simultaneamente perturbador e pungente. É tanto uma vítima na infância quanto um perpetrador adulto. Ambos são verdadeiros, como é o caso com a maior parte dos esquizofrénicos. O facto de ambos serem verdadeiros é desconfortável. Damos por nós num estado de fuga. É contraponto. É por isso que o impacto de Arthur e do filme permanecem tanto connosco”, acredita o realizador.

Michael Mann remata a carta com um entusiástico “Parabéns, Todd!”, não sem antes reconhecer a dimensão do feito do realizador, do argumentista e do actor, e da construção e impacto que criaram em cima destas premissas. Joker, personagem oriunda do universo Batman dos comics norte-americanos, tem chegado ao cinema como um espelho das preocupações ou perturbações do seu tempo; Joker, o filme, surgiu como uma amálgama do cinema dos anos 1970 americanos e como um inesperado vencedor do Festival de Veneza deste ano e como um catalisador de reflexões sociais mundo fora.

Nos últimos dias, além da ultrapassagem da barreira psicológica e financeira dos mil milhões de dólares de receita bruta de bilheteira (cerca de 924 milhões de euros), Joker foi notícia por uma alegada intenção de Todd Philips de filmar uma sequela do filme. A revista Hollywood Reporter deu conta de uma reunião com a Warner Brothers (o estúdio que detém os direitos das personagens DC Comics, entre as quais Joker). O realizador desmentiu a existência de reuniões com esse fim, de guiões em curso e mesmo que Joaquin Phoenix estivesse a ser auscultado para voltar a ser o comediante torturado Arthur Fleck. Mas “um filme não faz mil milhões de dólares e eles [no estúdio] não falam de uma sequela”, ironizou o realizador da trilogia A Ressaca também no IndieWire.

“Joaquin e eu dissemos publicamente que estamos a falar de uma sequela desde a segunda semana de rodagem [de Joker] porque é uma coisa divertida da qual falar”, admitiu, dizendo que voltaram a falar nisso nos últimos meses perante a reacção dos críticos, dos festivais e do público. Mas mantém: “não há um contrato para escrevermos uma sequela, nunca falámos com o Joaquin para participar numa sequela”.

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