Plataforma pede que não sejam aprovadas construções na Quinta do Braamcamp no Barreiro

Câmara anunciou no início do ano a intenção de vender a quinta, mas os cidadãos temem a construção de prédios numa zona muito próxima ao rio e que estará sujeita à subida previsível das marés.

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Uma plataforma cívica enviou uma carta aberta à Assembleia Municipal do Barreiro, no distrito de Setúbal, com quase 60 assinaturas, na qual apela para que seja rejeitada a construção de habitações na Quinta do Braamcamp. 

“Qualquer que seja a solução para a Braamcamp, ela não pode passar pela construção de prédios naquele território. Solicitamos-vos que não aprovem nenhum projecto de construção imobiliária na quinta, sob pena de vermos comprometidos futuros planos de renaturalização e recuperação patrimonial do território”, pediu a Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos, na carta enviada.

Os cidadãos referiam-se à decisão de venda do imóvel histórico, anunciada no início do ano pela Câmara do Barreiro, liderada por Frederico Rosa (PS), justificando que os 21 hectares na zona ribeirinha se encontravam sem utilização e que não se sabia quando haveria verbas para o requalificar.

No entanto, na visão da plataforma, “independentemente das contrapartidas que possam ser exigidas ao investidor”, o que está em causa é que a edificação de prédios numa zona muito próxima ao rio, que “está sujeita a alargamento devido à subida previsível das marés, em consequência das alterações climáticas”.

“Existem no Barreiro 6400 fogos devolutos e vários lotes urbanizáveis a precisar da atenção prioritária do executivo. Por isso, não vemos motivo para ocupar um terreno natural e arborizado com mais habitação”, frisou.

A quinta foi fundada pela família holandesa Braamcamp, num terreno com grande diversidade de fauna e flora, onde actualmente ainda permanece o maior moinho de maré do concelho e vestígios de dois palacetes, assim como da antiga fábrica da Sociedade Nacional de Cortiça.

Aliás, segundo a plataforma, o território está integrado no conjunto Braamcamp/Alburrica, que foi classificado como Sítio de Interesse Municipal, que deve ser “recuperado numa lógica de defesa do ambiente, da paisagem e do património”.

“Construir prédios e parques de estacionamento naquele território irá inevitavelmente desnaturalizar e sobrecarregar toda a zona e até comprometer o que se possa fazer ali no futuro, inclusive um corredor verde até ao sapal de Coina, como é o sonho de muitos barreirenses”, defendeu.

Além disso, a plataforma advertiu que “é expectável que a construção de prédios na quinta requeria tais condições de investimento que os mesmos só possam ser vendidos a preços proibitivos, inacessíveis à maioria dos cidadãos barreirenses”.

O grupo de cidadãos constituiu-se em Março e, segundo Carla Santos, a venda baseia-se no Plano Director Municipal de 1994, que está “completamente desactualizado”, prevendo a construção de 180 fogos num local que pode estar “debaixo de água daqui a 100 anos”.

Desde a sua formação, a plataforma já realizou várias acções para impedir a venda ao promotor privado, mas uma sondagem divulgada pela Câmara do Barreiro, em Junho, mostra que 76,5% dos munícipes “concordam com a alienação dos terrenos”. Além disso, o município garantiu que o projecto de requalificação previsto “obriga os compradores a cumprirem o que está previsto para toda a zona”.

“Dos 21 hectares de terrenos, 95% serão ocupados por zonas desportivas e espaços verdes, com a edificação de um campo de futebol, zonas de lazer e de desporto náutico. Os restantes 5% serão destinados à construção de habitação”, avançou, na ocasião. 

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