Sindicato denuncia: trabalhadora do Pingo Doce urinou na caixa porque não foi autorizada a sair do posto

Segundo o CESP, a funcionária pediu diversas vezes para se ausentar da sua caixa para ir à casa de banho, mas não foi autorizada. O Pingo Doce “não encontra qualquer fundamento” para esta queixa.

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Caso terá acontecido num supermercado Pingo Doce em Lisboa Patrícia Martins

Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP) denuncia que uma trabalhadora do Pingo Doce da Bela Vista, em Lisboa, viu-se obrigada a urinar na caixa do supermercado onde estava alocada por ter sido impedida de sair do local para ir à casa de banho.

De acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira pelo CESP, a funcionária em questão terá sofrido “uma brutal humilhação” depois de ter pedido várias vezes para ser substituída por um colega enquanto se ausentava, mas a troca, ainda que momentânea, não terá sido autorizada pela responsável daquela loja.

Esta situação ocorreu no dia 27 de Outubro e foi presenciada por vários colegas da trabalhadora, mas também por clientes que estavam nas caixas naquele momento, refere o CESP. Contactada pelo PÚBLICO, Luísa Alves, dirigente do sindicato, explica que têm recebido queixas de trabalhadores da loja da Bela Vista. “Temos tido várias queixas por causa de uma série de assuntos, mas obviamente existe medo por parte deles em denunciar”, refere, acrescentando que existe um clima de repressão por parte da responsável da loja.

Como é norma noutros supermercados e até noutras empresas do mesmo ramo, os operadores de caixa devem pedir autorização a um superior para se ausentarem do seu posto de trabalho e tem de existir um colega que os substitua durante esse tempo. Mas, segundo denuncia o sindicato, naquela loja em questão, os trabalhadores não se podem sentar durante todo o horário de trabalho e devem permanecer de pé mesmo quando não têm nenhum cliente na sua caixa.

“No caso da loja Pingo Doce da Bela Vista, a repressão a que os trabalhadores são submetidos pela responsável de loja tem dado azo a muitas situações humilhantes, como é exemplo a situação denunciada – o pedido da trabalhadora para ser substituída na caixa, para poder ir comer e usar a casa de banho, foi sucessivamente negado”, afirma o comunicado.

Ao PÚBLICO, fonte do Pingo Doce explica que a empresa “procurou apurar os factos junto da equipa de loja”, tanto junto das chefias como dos colaboradores, mas que ninguém pareceu ter conhecimento do caso. “Não encontramos, por isso, qualquer fundamento para esta denúncia”, refere a mesma fonte.

“Aproveitamos para realçar que, para além dos intervalos de descanso legais, o Pingo Doce dá aos seus colaboradores tempo de pausa extra durante a jornada de trabalho. Além disso, qualquer colaborador que necessite de se ausentar por motivos de força maior, tem sempre essa possibilidade, informando previamente a sua chefia”, sublinha a empresa em resposta por escrito.

Por sua vez, o CESP afirma que já exigiu à Jerónimo Martins, grupo que detém o Pingo Doce, que “tome medidas em conformidade com a gravidade desta situação”. “O sindicato denuncia também que é a própria empresa a fomentar este clima de intimidação, sentido na generalidade das lojas Pingo Doce, e que chegam ao sindicato várias queixas de episódios igualmente lamentáveis um pouco por todo o país.”

Luísa Alves avança que têm levantado questões à empresa por causa das cadeiras daquela loja. “As cadeiras que lá estão têm mais de 24 anos e a maior parte está estragada. Eles não fazem a substituição porque querem os trabalhadores de pé e isto é só um exemplo”, diz a sindicalista, acrescentando que estes casos têm sido denunciados por trabalhadores que estão sindicalizados que “tem mais a noção do que são os maus tratos e as injustiças”.

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