O rosto e a voz de uma vida vivida e entregue para sempre ao fado

Argentina Santos (1924-2019) nasceu na Mouraria, cresceu em Alfama e o seu fado nasceu das agruras que lhe marcaram a vida. Morreu aos 95 anos, depois de passar aos 70 da sua Parreirinha para os palcos do mundo

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Argentina Santos em 2007 DAVID CLIFFORD/ARQUIVO

Diz-se, ela própria o disse um dia, que começou a carreira “por mero acaso”. Mas não há acasos assim no fado. E Argentina Santos viu o fado chegar-lhe um dia à voz porque antes já lhe habitava a alma, nascido de uma infância onde teve de lidar com a pobreza, a dor, amarguras várias para as quais foi sempre encontrando saída, sem nunca desistir. Confinada durante décadas, por vontade própria, à casa de fados Parreirinha de Alfama (“meti-me aqui neste buraquinho”, disse ela a Baptista Bastos, numa longa entrevista publicada no livro Fado Falado, Ediclube, 1999), foi já aos 70 anos que começou a pisar palcos maiores, em Portugal e no mundo, somando homenagens e distinções. Em 2009, devido a um acidente vascular cerebral, foi-se afastando dos palcos, embora deles só se tenha despedido em 2015. Ontem despediu-se da vida, quando contava 95 anos.

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