A digressão da amizade: escritores de best-sellers britânicos na estrada contra o “Brexit”

Ken Follett, Jojo Moyes, Kate Mosse e Lee Child, todos autores de best-sellers, sagas ou obras de grande popularidade, compõem a Friendship Tour. Missão: declarar amizade pela União Europeia. Esta terça-feira estão em Madrid, depois de terem enchido o Teatro Carcano, em Milão. Seguem-se Berlim e Paris.

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Ken Follett, Jojo Moyes, Kate Mosse e Lee Child DR

Quatro dos mais populares escritores britânicos estão em digressão pela Europa para se manifestarem contra o “Brexit” e declararem a sua amizade pela União Europeia. É a Friendship Tour, protagonizada por Ken Follett, Jojo Moyes, Kate Mosse e Lee Child, e depois do seu arranque em Milão chega esta terça-feira a Madrid. Esta será a data mais próxima de Portugal, com os autores de Os Pilares da Terra ou da personagem Jack Reacher a rumarem depois a Berlim e Paris. “Algo terrível aconteceu no meu país”, diagnosticou Follett em Itália.

A Friendship Tour foi anunciada em Junho e tem como objectivo promover o encontro entre os autores e os seus leitores europeus. “Fazemos isto porque estamos envergonhados e perturbados pelos acontecimentos políticos no nosso país nos últimos três anos”, disse Follett na conferência de imprensa em que anunciaram a digressão. A tournée é financiada pelas editoras dos escritores em cada país, aquelas que garantem as suas traduções para espanhol, francês, italiano e alemão. Todos são autores de best-sellers, sagas ou obras de grande popularidade, como é o caso de Kate Mosse, autora de O Labirinto Perdido (editado em Portugal pela Dom Quixote) e Sepulcro (editado em Portugal pela Livros d’Hoje).

Ainda assim, o objectivo desta digressão “não é convencer o Reino Unido a ficar na UE; sinto que esse barco já partiu”, resignava-se Ken Follett em Junho, quando a data de saída do país da comunidade europeia ainda estava agendada para Outubro. Agora, a digressão faz-se num novo contexto, com eleições marcadas para 12 de Dezembro e o processo do “Brexit” ainda em fase de impasse. O novo prazo de saída está agendado para 31 de Janeiro de 2020.

“Digam o que disserem os nossos líderes, continuamos a sentir-nos europeus. Este vínculo de amizade deve continuar a existir”, dizia segunda-feira em Milão a autora Jojo Moyes, cujos livros românticos como Viver depois de ti foram já adaptados para o cinema e estão publicados pela Porto Editora em Portugal. Citado pelo diário espanhol El País, Lee Child, o autor da série dedicada ao antigo agente militar americano, lamentou: “Quando nasci, o primeiro-ministro chamava-se Churchill, um homem que passou grande parte da sua vida a defender a supremacia britânica. Mas até ele acreditava que precisávamos de uns Estados Unidos da Europa. Agora, esse projecto descarrilou e nem Jack Reacher tem poder suficiente para o resolver.”

Lee Child é o pseudónimo de James Grant, e o autor vive há muitos anos nos EUA. Em Junho, quando lançaram a Friendship Tour, garantia, citado pela agência AFP: “O que temos agora é um Boris Trump: mais um grandessíssimo mentiroso, ridículo, com cabelo ridículo e sem qualquer noção de política”.

Durante os encontros, os leitores podem fazer perguntas e interpelar os autores, que conversam também entre si — a questão política acabará por ser a constante nas diferentes aparições públicas dos autores numa digressão que o El País considerou ser protagonizada por um “supergrupo”, aludindo às formações especiais de bandas que reúnem membros de outros grupos importantes.

As entradas são livres e limitadas apenas à lotação dos espaços – segunda-feira os fãs encheram a histórica sala milanesa do Teatro Carcano. O evento desta terça-feira, no edifício da Fundación Telefónica, será o único a ter transmissão ao vivo na internet. A ida a Berlim terá uma transmissão radiofónica na RBB. O encontro em Paris será na universidade Sciences Po. 

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