Em Lousada, há quem adopte troços de rios para ajudar a limpar

Centenas de voluntários adoptaram troços dos rios Sousa e Mesio e regularmente participam em acções de vilância e limpeza. Já foram recolhidos “6.200 litros de todo o tipo de resíduos”.

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Nelson Garrido

Cerca de 700 voluntários de Lousada adoptaram, num ano, dezenas de troços dos rios Sousa e Mesio, realizando acções regulares de vigilância e limpeza das linhas de águas e das margens, divulgou esta segunda-feira a autarquia. Até ao momento, referiu à Lusa o vereador do Ambiente da Câmara de Lousada, Manuel Nunes, já foram adoptados cerca de 50 troços, mas esse número deve continuar a aumentar face às acções de divulgação e ao interesse demonstrado pelos cidadãos, de todas as idades, e também por empresas.

“O município é parceiro da população, co-responsabilizando toda a gente, mas sem apontar o dedo a ninguém”, explicou Manuel Nunes, em declarações à agência Lusa. O autarca sublinhou que as acções têm sido realizadas com “grande sucesso” naquele concelho do distrito do Porto, no âmbito do projecto “Lousada Guarda Rios”, que foi lançado há cerca de um ano a pensar no “envolvimento dos cidadãos comuns”.

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Na preparação do projecto, a Câmara Municipal definiu 127 troços dos dois rios (o Mesio é afluente do Sousa), cada um com 250 metros, que podem ser adoptados pelos munícipes. Os interessados, acrescentou o vereador, preenchem uma ficha de adopção e recebem formação teórica e prática ministrada por técnicos especializados que se tem realizado em vários pontos do concelho. Até ao momento, já foram promovidas 30 acções. “Este é um projecto democrático. Toda a gente pode fazê-lo, porque é livre e aberto a toda a comunidade”, reforçou.

O processo de adesão é feito através do site do município e os voluntários aderentes recebem da autarquia um conjunto de equipamentos e um manual de boas práticas sobre actuação no terreno. Uma das tarefas dos aderentes é promover mensalmente patrulhas nos troços adoptados, nas quais se procede à avaliação dos rios e das respectivas margens, em diferentes parâmetros, incluindo os níveis da poluição e domínios da fauna e da flora, entre outros. Os resultados são encaminhados para a base de dados da bióloga gestora do projecto.

“Isto é tudo quantificado porque as pessoas precisam de saber que o trabalho tem um valor associado”, anotou. Nessas patrulhas são, “muitas vezes”, organizadas acções de limpeza de vegetação e do lixo, podendo ser solicitado o apoio logístico do município, nomeadamente para encaminhamento dos resíduos. Até ao momento, sinalizou o vereador, “já foram recolhidos 6.200 litros de todo o tipo de resíduos”. As patrulhas também deram origem a 25 autos de contra-ordenação, uma vez que as irregularidades detectadas pelos voluntários são encaminhadas para as autoridades policiais, que também têm colaborado com o trabalho em curso.

O autarca destacou, por outro lado, que o projecto “Lousada Guarda Rios” é uma forma de se perceber que as autarquias, “com pouco dinheiro, podem fazer uma intervenção com um impacto gigantesco”, mostrando-se, por isso, disponível para que o conceito possa ser replicado por outros municípios, nomeadamente pelos vizinhos por onde, a montante (Felgueiras) e a jusante (Penafiel e Paredes), passa o rio Sousa, um dos mais importantes afluentes do Douro. “A melhor forma de replicar o projecto é pelo exemplo”, observou.

O projecto em curso é, por outro lado, uma das peças que vai permitir a Lousada classificar o rio Sousa, no seu território, como Paisagem Protegida Local, a primeira do género no interior do Porto, um processo que deverá estar concluído no início de 2020, após o período de discussão pública.

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