EUA deixam de considerar ilegais os colonatos israelitas na Cisjordânia

Washington anuncia reversão da sua política relativa aos colonatos hebraicos.

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LUSA/ABIR SULTAN

Os Estados Unidos reverteram a sua posição relativamente à legalidade dos colonatos israelitas em território palestiniano. Esta segunda-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, anunciou que Washington já não considera a construção de comunidades hebraicas na Cisjordânia como “incompatíveis com a lei internacional”, rompendo assim com o que era a posição legal expressa pelo Departamento de Estado em 1978.

“Depois de estudar atentamente todos os lados do debate legal, os Estados Unidos concluíram que o estabelecimento de colonatos civis israelitas na Cisjordânia não é, em si mesmo, incompatível com a lei internacional”, declarou Pompeu aos jornalistas em Washington.

Ali Farun, 74 anos, gesticula numa rua de al-Eizariya, a cidade palestiniana que é vizinha do colonato Ma'ale Adumim, que vemos em segundo plano. "Pouco interessa se eles anexam Ma'ale Adumim a Jerusalém ou se permanece território da Cisjordânia; eles controlam tudo, de uma forma ou de outra", disse à Reuters REUTERS
Imagens aéreas do colonato de Ofra. Do lado esquerdo, 1997; do lado direito, 2014 REUTERS
Ofra, um dos primeiros colonatos israelitas em território palestiniano. Foi fundado em 1967, logo após a guerra no Médio Oriente REUTERS
Palestiniano Azmi Musleh, 53 anos, segura um coelho e passa tempo com a filha e o neto no seu pátio na aldeia Ein Yabrud, junto ao colonato de Ofra. "Esta terra é o meu corpo e a minha alma. É o coração e alma da minha família. O meu pai, o pai do meu pai e o pai dele já plantavam sésamo, figueiras, oliveiras." REUTERS
Homem estuda num seminário judeu no colonato de Ofra REUTERS
Michael Netzer, de 63 anos, é um artista de banda desenhada americano que se chamava Mike Nasser. Vive no colonato Ofra, na Cisjordânia, um dos primeiros colonatos a estabelecer-se no território palestiniano, em 1967. "É ridículo dizer que os judeus não podem viver aqui. Podem perguntar a quem quiserem: é fácil perder a ligação com os antepassados e com a terra onde viveram? É óbvio que não. Foi a História que criou o povo judeu. E a Bíblia tem tudo a ver com isso." REUTERS
Homens judeus junto a uma carrinha numa bomba de gasolina, em Ofra REUTERS
Homem israelita conserta um velho Mustang, em Ofra REUTERS
Familia israelita passa o seu tempo no jardim, no colonato de Ofra REUTERS
Soldado israelita e uma mulher conversam junto à zona comercial de Ofra REUTERS
Vista sobre o colonato de Ofra REUTERS
Vista mostra casas de palestinianos na aldeia de Ein Yabrud, vizinha do colonato Ofra. REUTERS
Imagens aéreas do colonato Ma'ale Adumim. Do lado esquerdo, 1997; do lado direito, 2018 REUTERS
Vista geral sobre Ma'ale Adumim, um grande colonato nos arredores de Jerusalém REUTERS
Parte do seu apelo, para muitos residentes, deve-se ao baixo custo da habitação nas imediações de Jerusalém. REUTERS
Ali Farun, palestiniano de 74 anos, encontra-se junto à barreira entre Israel e a sua aldeia, al-Eizariya, perto do colonato Ma'ale Adumim, na Cisjordânia. REUTERS
Crianças palestinianas brincam no exterior em al-Eizariya, junto à fronteira com o colonato de Ma'ale Adumim. REUTERS
Michele Coven-Wolgel, de 60 anos, vai dar um passeio com a sua filha em Ma'ale Adumim. "Não sinto que viva num colonato", disse à Reuters. "Se deveríamos ser anexados? Sim, somos uma cidade de 41 mil habitantes, até temos um centro comercial." REUTERS
Vista geral mostra uma piscina pública em Ma'ale Adumim. REUTERS
Israelitas divertem-se na piscina pública de Ma'ale Adumim. REUTERS
Imagens aéreas do colonato Havat Gilad. Do lado esquerdo, 2002; do lado direito, 2018 REUTERS
Há casas na vista geral da paisagem a partir do colonato Havat Gilad, onde vivem cerca de 50 famílias. REUTERS
Bothena Turabe, palestiniana de 47 anos, fala ao telefone na sua casa, local onde trabalha, na aldeia de Sarra, junto ao colonato de Havat Gilad, na Cisjordânia. Assistiu ao crescimento do colonato. "Durante a noite, olhas e parece que não há lá nada. Na manhã seguinte olhas e vês mais caravanas. "Esta terra não é vossa, vocês estão a roubá-la." REUTERS
Crianças brincam no colonato de Havat Gilad. REUTERS
Homem trabalha na construção de uma casa, em Havat Gilad. REUTERS
Itai Zar, de 43 anos, e Bat-Zion Zar, de 41, fundaram o colonato Havat Gilad. Conversam na cozinha da sua casa, em território ocupado ilegalmente. "Este território pertence ao povo de Israel, não tenho quaisquer dúvidas", disse à Reuters. Fundou o colonato na sequência do assassinato do seu irmão. "Há 18 anos viemos para cá, éramos apenas uma família e hoje somos uma comunidade próspera." REUTERS
Imagens aéreas do colonato Beitar Illit. Do lado esquerdo, 1997; do lado direito, 2018. Beitar Illit foi fundada nos anos 90 para residencia da comunidade judia ultra-ortodoxa. É uma das mais prósperas da Cisjordânia REUTERS
Judeus ultra-ortodoxos estudam dentro de uma sinagoga no colonato de Beitar Illit, na Cisjordânia REUTERS
David Hamburger, de 36 anos, um judeu ultra-ortodoxo, trabalha na sua loja, em Beitar Illit, na Cisjordânia. "Não estamos cá por motivos de ordem ideológica", disse à Reuters. "Seria impossível para nós comprar casa fora de um colonato." REUTERS
Um rapaz anda de bicicleta no colonato de Beitar Illit. REUTERS
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Ali Farun, 74 anos, gesticula numa rua de al-Eizariya, a cidade palestiniana que é vizinha do colonato Ma'ale Adumim, que vemos em segundo plano. "Pouco interessa se eles anexam Ma'ale Adumim a Jerusalém ou se permanece território da Cisjordânia; eles controlam tudo, de uma forma ou de outra", disse à Reuters REUTERS

“Declará-los incompatíveis com a lei internacional não funcionou. Não ajudou à promoção da paz”, acrescentou.

Israel já reagiu ao anúncio. Através da rede social Twitter, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a decisão “corrige um erro histórico” e instou outros países a seguirem o exemplo norte-americano. A Comissão Europeia, no entanto, já veio declarar que não o fará.

O negociador-chefe palestiniano Saeb Erekat, por seu turno, declarou que a decisão norte-americana ameaça “a estabilidade, segurança e paz mundiais”. 

Cerca de 600 mil israelitas vivem em mais de uma centena de colonatos construídos em território palestiniano após 1967. A Autoridade Palestiniana exige a sua remoção, argumentando que estas vilas e cidades israelitas no seu território tornam inviável um futuro estado árabe independente.

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