Marina de Vilamoura recebe toneladas de canas da ribeira de Quarteira

Com engenho, do papel de jornal e cartão nasceram peças artísticas. Na semana Europeia da Prevenção de Resíduos, Algarve discute formas de olhar o futuro com menos lixo.

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O canavial tomou conta de uma parte significativa dos leitos das ribeiras do Algarve. A delegação regional da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) identificou 435 quilómetros de linhas de água onde as espécies autóctones desapareceram por completo – domina o canavial. À marina de Vilamoura, quando o Inverno é chuvoso, só da ribeira de Quarteira chega a receber 200 toneladas. A revelação partiu do responsável pela área ambiental daquele equipamento, Vítor Vicente. “Não tratamos só o lixo dos nossos clientes [proprietários dos iates]”, afirmou, durante o seminário “Mude os seus hábitos, reduza os seus resíduos”, que decorreu nesta segunda-feira, em Vilamoura.

A iniciativa insere-se no programa da Semana Europeia de Prevenção de Resíduos destinada a incentivar acções de consciencialização sobre recursos sustentáveis e gestão de resíduos. Durante o encontro, Vítor Vicente lembrou ainda que as “ofertas da natureza [canas, arrastadas pelas cheias]” não são uma constante mas constitui um problema presente.

Foi também apresentada outro projecto: as garrafas de plástico que chegam aos oceanos ou o cartão que é atirado para o lixo podem também entrar na equação do projecto “reduzir e reciclar” que está a ser levado a cabo pela Inframoura - empresa municipal responsável pela gestão das infra-estruturas do empreendimento - e transformar-se em arte. O projecto envolveu alunos dos três aos 18 anos das escolas do concelho, artistas r outros actores ligados às questões ambientais.

“As pessoas passaram a olhar para o cartão de outra forma”, revelou Angelina Maia, autora de bustos de mulheres, chamando a atenção para o cancro da mama. Os alunos do colégio internacional de Vilamoura e da escola de Formação de Alte mostraram que dos resíduos sólidos podem “sair” sereias.s

Henriques Keys, de Olhão, por seu lado, elegeu o camaleão, espécie ameaçada pelo urbanismo que lhe invade o habitat. A representação de uma tartaruga e do réptil, disse, foi concebida “com todo o tipo de lixo” encontrado à sua volta no meio piscatório. Para chamar a atenção da inteligência artificial levou à exposição um robot, com uma pequena planta no interior de uma esfera. “Associamos o robot à ficção científica, mas a planta é um bem muito precioso no futuro”, enfatizou.

Por seu lado, Sílvia Rodrigues, mostrou uma outra face mágica de uma folha de papel com notícias: “Faço jóias com papel de jornal - não são de ouro, mas são preciosas”. As peças contam histórias que passaram a ser vendidas, também, em Espanha, França e Itália: “Quem não gosta de ter um amor perfeito?” Uma simples pulseira, disse, pode ter muito significado.

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