No Centro de Design da Ford desenham-se os segredos do futuro

Bagageiras inovadoras, assentos personalizáveis e realidade virtual: a Fugas esteve no “ultra-secreto” Centro de Design da Ford em Colónia, na Alemanha.

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DR/Ford Design Center

Quando as portas do ultra-secreto Centro de Design da Ford em Colónia, na Alemanha, se abrem, parece que acabámos de aterrar num filme de espionagem. Afinal, durante as próximas duas horas, ser-nos-ão revelados alguns dos mais bem guardados segredos da marca de automóveis de origem norte-americana, num workshop que reúne jornalistas de toda a Europa.

Num dia normal, cada funcionário entra por uma porta dupla, tal qual uma cápsula. Hoje a porta do edifício está aberta. Aqui, misturam-se a criatividade e a engenharia. “Este é um lugar que realmente não costumamos abrir. Mesmo dentro da organização interna da Ford, raramente as pessoas são permitidas aqui”, revela o director de Design europeu da marca, Amko Leenarts, aguçando a curiosidade dos presentes.

A viagem pelos bastidores do design da Ford inicia-se na energy room (sala de energia), onde se debatem questões práticas do desenvolvimento de produto. A maior dificuldade são as regras e especificações da engenharia. O design procura responder de forma positiva às principais preocupações do consumidor. “Antigamente, não havia liberdade para criar. Agora há uma troca de ideias entre as várias áreas”, reconhecem os especialistas da Ford.

É isso que, afirma a marca, foi feito com o novo Puma, que também estamos aqui a conhecer. Neste, é dada uma possível resposta ao defeito que os crossovers compactos, não obstante as suas generosas dimensões exteriores, mais costumam apresentar: a tímida capacidade de bagageira. O Puma consegue uns expressivos 456 litros de capacidade, mas com truque.

No fundo da mala, um alçapão móvel dá acesso a um compartimento, designado de MegaBox, que disponibiliza um espaço de armazenamento extra — à conta, claro, da exclusão do pneu sobresselente (que, de resto, também já não é costume vir de série neste tipo de carroçaria). A solução, original, assemelha-se a uma caixa, com 76,3cm de largura, 75,2cm de comprimento e 30,5cm de profundidade e que pode suportar até 30 quilos ou 80 litros. Aqui podem ser guardados objectos até 115 centímetros. O furo de drenagem no fundo permite ainda a limpeza da caixa com água.

Para quem tem animais, está em desenvolvimento uma caixa própria que possa ser incorporada de série no automóvel.

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DR/Ford Design Center

De um traço à realidade virtual em quatro dias

Da bagageira, salta-se directamente para o lugar do condutor. Sentado virtualmente nesse lugar, o designer Nicolas Fourny criou uma nova ferramenta que dispensa o papel e a caneta. É que o processo criativo dos designers da Ford Europa inicia-se com um modelo 2D em Photoshop. Ao traço livre, acrescentam-se as sombras e as cores, à medida que o nível de detalhe aumenta. Com a ferramenta de Nicolas Fourny, desenha-se numa esfera, que permite ver todo o interior de um carro. “Não é melhor do que desenhar num papel, é apenas diferente”, constata Fourny.

Numa só imagem, através 360º Sketch, consegue visualizar-se o interior do automóvel na totalidade. Com o auxílio da realidade virtual, coloca-se os óculos e salta-se do modelo 2D para um a três dimensões, onde se conseguem observar os mais ínfimos detalhes do design interior do Ford Puma.

Apesar de o detalhe ser importante, Nicolas Fourny reconhece que não está a “criar uma obra de arte”. “Estamos a tentar ser eficientes”, acrescenta o responsável. Assim, o design do interior de um carro, do primeiro traço ao modelo 3D, fica concluído em apenas quatro dias.

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Interior do Puma Titanium DR

SUV: o modelo do automóvel do futuro?

Concluído o modelo 3D, começam a ser trocadas ideias com outros departamentos para tornar realidade a imagem idealizada pelos designers. Thomas Morel, responsável pelo design exterior dos veículos na Ford Europa, explica que existem sempre alguns compromissos no desenho de um carro.

As necessidades do consumidor é que não devem ser comprometidas. “Hoje, [o consumidor] quer algo desportivo e sexy, mas não quer comprometer o espaço”, explica Morel. O SUV (sport utility vehicle) pode ser a solução, garante o responsável de design.

Com base no Ford Fiesta, mas mais largo e mais alto, nasceu o Puma com “um look distintivo”, como diz Thomas Morel. O objectivo foi manter o ADN desportivo da Ford, com uma traseira “simples, mas dramática”, acrescenta o designer.

O designer mostra ainda o Kuga, o modelo SUV mais vendido da Ford. “É um modelo atractivo e intemporal”, defende Thomas Morel. Sendo um modelo de classe superior, o Kuga revela maior nível de detalhe e “mimos” do que o Puma: os bancos são aquecidos, tanto os da frente como os de trás, e a bagageira, eléctrica, tem o sistema de mãos livres. A Megabox é, no entanto, exclusiva do Puma — para já.

Assentos para toda a família

O Puma, no nível de equipamento Titanium, traz novidades nos assentos também. Reforçando a sua posição como carro para uma família cosmopolita, este modelo incorpora assentos com capas laváveis. Graças ao fecho-éclair, as capas dos assentos são facilmente substituíveis. Os modelos disponíveis têm um design simples que pode, mais tarde, ser personalizável.

Diana Kovacheva, designer de cores e materiais, lidera a equipa que está a desenvolver um novo modelo de capas de assento: o 3D Knitting. Este modelo utiliza apenas três peças e não recorre a plástico, quando um assento convencional utiliza cerca de 40 peças. “Reduz-se a complexidade”, afirma Kovacheva.

Através de uma malha construída como um todo, sem costuras, num processo sustentável, os assentos da Ford tornam-se mais confortáveis e funcionais. A tecnologia permite ainda conectividade integrada através, por exemplo, de um bolso na lateral do assento que carrega sem fios um telemóvel.

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Neste momento, o 3D Knitting encontra-se em fase de testes. O objectivo é que, no futuro, as capas de assento possam ser encomendadas e personalizadas previamente online.

Em Dezembro deste ano, o Ford Puma chega a Portugal com algumas destas novidades. Enquanto isso, no misterioso Centro de Design da Ford em Colónia, o futuro da indústria automóvel continuará em marcha. Fecham-se as portas e lá dentro ficam os segredos do futuro.

A Fugas viajou a Colónia a convite da Ford

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