A nova Taça Davis arrancou em Madrid

Competição, agora com um formato diferente, compromete o factor casa. Vasek Pospisil provocou a primeira surpresa na prova.

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LUSA/Chema Moya

Ao fim de 119 anos, a Taça Davis apresenta um novo modelo para o Grupo Mundial, que junta as melhores selecções do planeta tenístico. Esta não é a primeira alteração no formato da competição — por exemplo, até 1972, o campeão ficava automaticamente apurado para a final do ano seguinte —, mas é a que mexe mais com o espírito que caracterizava a prova, em que havia uma equipa a jogar em casa. A partir de agora, 18 países reúnem-se durante uma semana em Madrid para as Davis Cup by Rakuten Madrid Finals. Muitos tenistas, mais conservadores, acusam a federação internacional de se vender, mas a maioria vai estar a representar as respectivas selecções.

“Tivemos que convencer muitas pessoas que estavam, talvez, cépticas e contra a ideia de alterar o formato. Fizemo-lo desde o início. Acredito que fizemos um trabalho espantoso, porque sentimos que as pessoas dentro da modalidade estão mais convencidas”, afirmou Gerard Piqué, fã de ténis desde criança e fundador da Kosmos, empresa de investimentos sediada em Barcelona que convenceu a ITF a adoptar este novo formato

O local eleito para receber cerca de 90 tenistas foi a Caja Mágica, onde anualmente se realiza o Masters 1000 de Madrid, embora em terra batida. Para a competição foram reservados três courts de piso duro (GreenSet, igual ao utilizado na semana passada nas ATP Finals) com tecto amovível, o maior com capacidade para 12 mil espectadores. Foram criados 18 balneários, com 100 metros quadrados cada, com espaço para duches, sala de massagens e outra de relaxamento com sofás e televisão. Num edifício adjacente, cinco courts para treino com pequenas bancadas e um ginásio completam a oferta desta “caixa”.

“Quero que eles tenham a melhor semana da sua vida. Quero que a Taça Davis seja uma festa do ténis, não apenas ténis. Temos um acordo com a Sony e vão actuar vários artistas, que irão proporcionar outro tipo de espectáculo, o que vai tornar a Taça Davis um evento único”, garantiu Piqué. Uma das contrapartidas da Kosmos é o investimento de um milhão de euros anuais para o ténis em cadeira de rodas.

Os bilhetes, a partir dos 25 euros, para as sessões nas quais Espanha defronta a Rússia e a Croácia esgotaram rapidamente, mas para as restantes a venda de ingressos tem estado abaixo dos 50%. E não será por falta de nomes grandes do ténis mundial. Dos jogadores qualificados para as recentes ATP Finals, marcam presença Rafael Nadal, Novak Djokovic, Matteo Berrettini e o par campeão, formado pelos franceses Nicolas Mahut e Pierre-Hugues Herbert. E há ainda tenistas cotados como Roberto Bautista Agut, Borna Coric, Frances Tiafoe, Fabio Fognini, David Goffin, Gael Monfils, Jo-Wilfried Tsonga, Kharen Khachanov, Alex de Minaur e o ex-número um mundial Andy Murray.

Do top 10, faltam o alemão Alexander Zverev, em protesto com a alteração do modelo competitivo, o russo Daniil Medvedev, que, depois de perder os três encontros disputados nas ATP Finals, alegou cansaço, o suíço Roger Federer, o austríaco Dominic Thiem e o grego Stefanos Tsitsipas, cujas selecções não foram apuradas. 

No primeiro dia, a grande surpresa foi a vitória de Vasek Pospisil (150.º) sobre Fabio Fognini (12.º), por 7-6 (7/5), 7-5, que permitiu o triunfo do Canadá, embora a Itália ainda pudesse reduzir no par. A Rússia, através de Karen Kachanov e Andrey Rublev, venceu a Croácia, por 3-0, e a Bélgica derrotou a Colômbia, por 2-1.

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