Oito estudantes intoxicados devido a aquecedores ligados toda a noite

Terceiro caso com mais gravidade ocorrido com estudantes em Bragança. Bombeiros recomendam cuidados na utilização de aquecedores e braseiros, que não devem permanecer ligados durante a noite.

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Paulo Pimenta

Oito estudantes ficaram sob observação no hospital de Bragança na manhã deste sábado devido a intoxicações por monóxido de carbono. A causa terá sido os aquecedores (termoventiladores eléctricos, de acordo com os bombeiros) que estiveram ligados toda a noite.

O adjunto de comando dos Bombeiros de Bragança, Paulo Ferro explica que este é o terceiro caso de intoxicação ocorrido com estudantes nos últimos anos. Incidentes semelhantes também acontecem entre outros residentes, ao utilizar esquentadores com chama piloto e braseiros, que potenciam a produção de monóxido de carbono. Entre a comunidade académica, a preocupação centra-se nos estudantes vindos de países mais quentes, como o Brasil ou Cabo Verde, menos habituados ao frio gélido da região.

Nos dias mais frios em que é mesmo preciso ligar aquecedores, há alguns cuidados a ter: não dormir com o aquecimento ligado, não deixar os equipamentos ligados por mais do que uma hora, apostar em mais camadas de roupa e cobertores. Se não for possível manter a habitação ou as divisões arejadas quando se permanece nelas, Paulo Ferro recomenda deixar a casa a arejar antes de sair para o trabalho ou as aulas.

O monóxido de carbono provoca dores de cabeça, mal-estar, náuseas e vómitos. Em caso de intoxicação, o adjunto de comando dos bombeiros de Bragança explica que o “tempo de vida das partículas no organismo” é de quatro ou cinco horas, que devem ser passadas sob observação médica. Nos casos mais graves de intoxicação, pode ser necessário o recurso a tratamento numa câmara hiperbárica — no caso de Bragança, implica uma transferência para o Porto.

O adjunto do comando dos bombeiros, Paulo Ferro, confirma que foi um “termoventilador que tem uma espécie de resistência” e uma ventoinha e referiu também que os oito estudantes “permaneceram durante o fim-de-semana em casa”, que tem quatro quartos. “Essa queima de oxigénio e a própria respiração” dos estudantes fechados no quarto, somado ao facto de “renovação do ar”, levou à “acumulação de monóxido de carbono”, disse o bombeiro ao PÚBLICO.

Náuseas, vómitos e sonolência

O adjunto de comando dos Bombeiros de Bragança conta ao PÚBLICO que o alerta foi dado cerca das 6h10, através do 112, por duas estudantes do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) com náuseas e vómitos. Já no hospital, a colega que as acompanhou às urgências também acabou por se sentir indisposta. As análises indicavam que havia alta concentração de monóxido de carbono no organismo das estudantes, explica Paulo Ferro.

Os cinco estudantes que ainda estavam em casa também foram transportados para o hospital para observação, sendo que dois deles começavam a apresentar sinais de sonolência associados à intoxicação. O Jornal de Notícias avança que nenhum dos estudantes está em estado grave, mas o PÚBLICO não conseguiu confirmar o estado dos estudantes junto do Hospital de Bragança.

Na avaliação feita ao apartamento, os bombeiros concluíram que a fonte de produção de monóxido de carbono eram aquecedores (que explicam ser termoventiladores eléctricos) que os jovens tinham nos quartos, que estiveram ligados durante toda a noite. A falta de circulação do ar acabou por levar a uma concentração de monóxido de carbono superior a 100 partes por milhão.

Orlando Rodrigues, presidente do Instituto Politécnico de Bragança, assegura que estes casos não são muito frequentes. Questionado sobre uma eventual necessidade de mais informação aos alunos sobre os cuidados a ter, explica que essas indicações são dadas pelo gabinete de Relações Internacionais, no acolhimento feito aos estudantes. Orlando Rodrigues esclarece que a habitação onde os estudantes se encontravam não é do IPB, mas que a instituição está a acompanhar o incidente.

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