Movimento de cidadãos mantém contestação à construção da nova ponte em Tavira

Grupo de cidadãos reage a comunicado do município algarvio mantendo que não percebe a necessidade de “mais uma ponte rodoviária” depois da construção de outras duas, realçando que existem cinco travessias em quilómetro e meio.

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Enric Vives-Rubio

Os esclarecimentos dados pela Câmara Municipal de Tavira não convenceram o grupo de habitantes que pretendem travar a construção de uma nova ponte na cidade “numa solução que vai contra a vontade da população”, reage uma porta-voz do movimento “Tavira Sempre".

A câmara “veio falar, mas não veio esclarecer”, afirmou à Lusa Marta Rogado, daquele grupo, adiantando que o movimento fará “tudo o que estiver ao seu alcance” para parar a obra e usará “todos os meios possíveis e necessários para o impedir”, não especificando, no entanto, quais.

A porta-voz do movimento considera que o comunicado nada adianta sobre “a pouca importância que a câmara deu ao centro histórico da cidade e à população” desde que lançou o caderno de encargos e o porquê de criar “mais uma ponte rodoviária” depois da construção de outros duas, realçando que há cinco travessias em quilómetro e meio.

Afirmam que se mantêm as três razões que mobilizam o movimento e que, somados, se traduzem na posição: “Este projecto não!": A componente arquitectónica, “numa imagem completamente básica, um mono de betão desproporcionado ao local onde está inserido”, a de mobilidade, “voltando a colocar o trânsito num parque central e pedonal contrariando o conceito slow city abraçado pela cidade e, por fim, facto de “todo o processo ter sido feito à revelia das pessoas, construindo uma ponte com 10 metros de largura, bem maior que a actual”, destacou Marta Rogado.

Em comunicado, a autarquia revelou que o avanço do projecto que pretende substituir a antiga ponte militar foi noticiado no site, nas redes sociais e na comunicação social em Março de 2016, revelando ser “uma estrutura de betão, assente em dois pilares”, face à distância entre as margens e a vontade de “manter aberto o trânsito automóvel num único sentido”.

Adiantou ainda, que o desenho da nova ponte corresponde a “uma reinterpretação contemporânea das construções formais existentes no local” e que a infra-estrutura caracteriza-se pela “simplicidade, leveza e qualidade de acabamentos”.

Argumentos que não demovem o movimento que admite “ter acordado tarde” e ter havido alguma passividade por parte da população, que apenas “despertou para a situação” quando os tapumes foram colocados. “Ainda estamos no momento de parar, porque ainda não foi lá feito nada”, afirma Marta Rogado.

O movimento gostaria que houvesse bom senso da câmara municipal e “suspendesse” a obra, abrindo o debate à população, com uma sessão de esclarecimento às questões colocadas sobre “os estudos de mobilidade, de impacto ambiental e integração arquitectónica” e que fosse tomada uma decisão “em conjunto”. Mas isso, remata a porta-voz, seria “num mundo ideal”. Por isso, mantêm a contestação.

O projecto em causa pretende substituir a actual ponte provisória, edificada na sequência das cheias de 1989 e colmatar os danos causados na antiga ponte sobre o rio Gilão, que acabou por se manter activa durante 30 anos, mas interdita ao transito automóvel há três anos por razões de segurança.

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