Parlamento divide-se na condenação dos ataques ao quartel de Borba

Votos do CDS e do Chega foram rejeitados, os da esquerda aprovados e o do PSD reuniu unanimidade. Deputados contestam aproveitamento político do episódio.

Foto
LUSA/NUNO VEIGA

Dos sete votos de solidariedade com os bombeiros de Borba e condenação pela invasão do quartel, apenas cinco foram aprovados - o do PSD até conseguiu unanimidade. Pelo caminho ficaram os votos do CDS e do Chega. O assunto, porém, motivou discussão acesa no plenário, com a acusação cruzada de que haverá partidos a quererem aproveitar-se politicamente do assunto.

Considerando “inaceitável” o que aconteceu em Borba, o centrista Telmo Correia argumentou que o episódio é político porque é a prova de que “há um Governo que é incompetente, que não garante meios às forças de segurança e as obriga a adquirir os seus próprios meios, não protege os professores nem os alunos. Há partidos que estão ao lado desse Governo; quem é condenado neste voto é a inacção do Governo.” O deputado afirmou também que entre os sete votos havia alguns “que parecem contra-votos: estão mais preocupados em que se fale do que em condenar o ataque”.

O bloquista Pedro Filipe Soares haveria de começar os seus dois minutos de intervenção com um engano propositado, dirigindo-se a “Telmo Ventura, perdão, Telmo Correia” e pedindo-lhe para “não fazer politiquice com um acto grave nem cair em generalizações que procuram aproveitamento político e que passam par segundo plano o essencial: condenar a violência no quartel de Borba”. O líder parlamentar do Bloco pediu que não se “aumente o preconceito”.

Quem também começou por se atirar indirectamente ao CDS e a Chega foi o comunista João Oliveira ao condenar as “tentativas de aproveitamento de forças políticas que não têm qualquer intenção de resolver problemas de segurança da população, mas que antes se aproveitam do caldo de desestabilização social para verem vingar o seu discursos de ódio, conflito e confronto permanente”. O líder parlamentar do PCP considerou que cada situação de violência deve ser vista como única e não transformada em “multiplicação do sentimento de insegurança”.

Acusando o CDS de ter feito “zero” para resolver os problemas quando foi Governo, João Oliveira contou que no dia seguinte às agressões o PCP reuniu com o comando local da GNR. “Façam o mesmo, que eles ainda lá estão à vossa espera”, aconselhou.

O social-democrata Carlos Peixoto teve uma intervenção mais consensual ao defender que “um acto de violência, venha lá de onde vier, é totalmente inaceitável e inadmissível. Seja lá qual for o seu autor ou etnia, esse acto merece sempre uma inequívoca condenação.” O deputado do PSD lamentou que o ministro da Administração Interna “tenha diminuído o incidente, limitando-se ao cliché normal de que Portugal é um país seguro”, e que o Governo não tenha conseguido proteger os seus “servidores”.

O socialista Norberto Patinho veio em auxílio do Executivo, pediu que não se faça “uma generalização a partir de situações isoladas” seja de violência seja dos seus protagonistas e defendeu que “os agressores sejam alvo de punição”.

André Ventura, do Chega, que viu o seu voto chumbado pelos cinco partidos da esquerda e pelo PAN (a direita votou a favor), queixou-se a Ferro Rodrigues do “caricato” da situação de ter uma proposta e não poder falar sobre ela, tendo o presidente lembrado que esse foi o mesmo “caricato” de que padeceu o PAN na legislatura passada.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários