Cuba manda regressar missão da Bolívia depois da prisão de quatro cooperantes

Ministério das Relações Exteriores de Havana garante que as acusações de que os membros da brigada médica queriam financiar os protestos depois da queda de Evo Morales são falsas e exige a sua libertação.

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Médicos cubanos foram acusados de financiar os protestos contra o novo Governo liderado por Jeanine Añez MARTIN ALIPAZ/EPA

Cuba decidiu retirar todos os seus cooperantes da Bolívia, depois da detenção de quatro membros da sua missão acusados pelas autoridades de promoverem acções violentas naquele país andino depois do golpe de Estado que depôs o Presidente Evo Morales e o levou ao exílio no México. O Governo cubano classificou as afirmações como falsas e exigiu a libertação dos seus cooperantes.

 “O Ministério das Relações Exteriores rejeita as falsas acusações de que estes companheiros instigam ou financiam protestos, que se baseiam em mentiras deliberadas, sem qualquer fundamento” e pediu que sejam “libertados imediatamente e que as autoridades bolivianas garantam a integridade física de todos os colaboradores cubanos”, diz o comunicado do Ministério cubano, divulgado pela Prensa Latina.

O Ministério acrescenta que, tendo em conta as “circunstâncias descritas, decidiu-se o regresso imediato à pátria dos colaboradores cubanos”, no total de 701 pessoas.

O Governo cubano explica que Amparo García Buchaca (que está na Bolívia desde Março), Idalberto Delgado Baró (também desde Março), Ramón Álvarez Cepero (desde Julho de 2017) e Alexander Torres Enríquez (desde Fevereiro deste ano), detidos a 13 de Novembro, estavam a caminho da residência com uma soma avultada de dinheiro, porque tinham passado pelo banco para levantar as verbas destinadas a pagar as rendas de casa e os serviços básicos dos 107 membros da Brigada Médica da região de El Alto.

“A detenção produziu-se segundo a presunção caluniosa de que o dinheiro se destinava a financiar os protestos. Os representantes da polícia e do Ministério Público visitaram as sedes da Brigada Médica em El Alto e La Paz e corroboraram, com base em documentos, folhas de pagamentos e extractos bancários, que o dinheiro coincidia com a quantidade extraída regularmente todos os meses”, adianta o comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores garante que “os quatro colaboradores cubanos têm uma reconhecida trajectória em conformidade com o seu perfil ocupacional e, como os restantes que prestam missão na Bolívia, se limitaram, estrita e rigorosamente, ao seu labor humanitário e de cooperação” e em nenhum momento quiseram fomentar os protestos contra o novo Governo, liderado por Jeanine Añez.

Apesar de serem todos membros da missão médica cubana na Bolívia, só dois deles são médicos, Ramón Álvarez e Alexander Torres, Amparo García é técnica de electromedicina e Idalberto Delgado é economista.

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