Gregory está a vender viagens por assinatura

A Be Right Back está entre o mealheiro digital e a “Netflix das viagens”. Propõe um modelo de subscrição para três viagens-surpresa por ano.

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Daniel Rocha/Arquivo

A Be Right Back (BRB) é uma empresa inglesa fundada em 2018 que, há dias, chegou à final da competição de startups feita pela Web Summit. Gregory Geny foi ao palco defender a ideia de negócio, que fica algures entre um porquinho mealheiro digital e uma “Netflix das viagens”.

A proposta é que cada cliente entregue à empresa uma quantia mensal, como se estivesse a pôr dinheiro numa conta bancária. Só que não se trata de simplesmente pôr dinheiro de lado, porque em troca a BRB organizará três viagens por ano para cada cliente. Ou seja, é como se estivéssemos a pagar uma assinatura mensal a uma empresa que se compromete a organizar tudo, tendo em conta as preferências de cada um.

“Marcar uma viagem do tipo city break pode consumir até dez horas em pesquisa de horários de voos, preços de viagens e de hotéis. Este processo envolve grandes indústrias que fazem de tudo para captar a nossa atenção. O problema é que, à medida que vamos pesquisando, muitas vezes os preços sobem. Quem é que ainda não teve esta experiência desagradável?”

Dez meses de vida, 1000 clientes

Se para uns o tempo de pesquisa faz parte da viagem – numa lógica de “o que interessa não é o destino mas a experiência” –, para outros trata-se de tempo perdido. “Um dos problemas a que o nosso serviço responde é que oferecemos rapidez às novas gerações, como os millennials, que preferem investir tempo noutras coisas”, afirma Gregory. Portanto, tudo se resume a 60 segundos, o tempo para criar uma conta e responder a uma pergunta: quando é que queres viajar?

O fundador da BRB espera “vender” 65 mil viagens por subscrição durante os próximos três anos. Nos primeiros dez meses de actividade, angariou 1000 clientes. Gregory destaca que toda e qualquer verba que não for usada em despesas de viagens pode ser reembolsada. E salienta também que “não há contratos de fidelização”: a assinatura pode ser cancelada, desde que não haja uma viagem a pagamento.

Depois de ouvir o pitch do fundador – que acabou por não ganhar a final da Web Summit –, fizemos o teste e mais algumas perguntas. Cria-se uma conta em dez segundos, com um nome (pode ser fictício), um endereço de e-mail e uma palavra-passe, em www.berightback.travel.

A seguir construímos um perfil: dizemos se viajamos sozinhos, com parceiro/a ou com amigos; e que tipo de viagens nos interessa. Há nove categorias à escolha: Cultura, Romance, Noite, Acção, Descanso, Comida, Instagramáveis, Staycation (viagens sem sair do país) e Esquisito.

Surgem então mais de 70 destinos citadinos. Portugal está representado por Lisboa, Porto e Faro. Podemos excluir aquele(s) que não no(s) interessa(m) ou simplesmente saltar este passo.

Segue-se a escolha de pelo menos três aeroportos de partida. Nesta fase de lançamento do serviço só é possível escolher e partir de aeroportos ingleses. E depois segue-se a escolha do plano mensal a subscrever: 50 libras; 70 libras ou 150 libras (58,25 euros; 81,55 euros ou 174,75 euros). O serviço inclui todas as reservas (transporte e acomodação), em linha com os gostos do cliente, lidos a partir de uma série de dados fornecidos pelo “assinante”.

Cada plano inclui três city breaks por ano, uma viagem a cada quatro meses. O que varia é a qualidade dos hotéis, os períodos possíveis (o plano mais barato não permite viajar durante férias escolares, por exemplo) e a bagagem permitida. Passados os dados, acabámos de “assinar” um serviço de viagens que, na verdade, não sabemos quais são. Isto porque só um mês antes da partida é que o destino é revelado ao cliente.  “Enviamos um postal para casa, revelando a escolha e incluindo uma mensagem com algumas recomendações”, detalha Gregory

Dados online são o teu passaporte

E se não gostarmos do destino proposto? Gregory garante que o risco de isso acontecer é muito reduzido, porque a nossa pegada online e os dados que colocamos em redes sociais ajudarão a construir o nosso passaporte. Se revelarmos online quando nos casámos, a BRB pode propor uma viagem romântica para essa data. Outra hipótese é analisar a música que mais consumimos online e mandar-nos para a cidade onde vai actuar alguma das nossas bandas que mais ouvimos.

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