Investigador fabrica sensor para ajudar a perceber que alimentos faltam no frigorífico

Sensor que é colocado nas embalagens de alimentos ajuda os consumidores a perceber se têm o produto na despensa ou frigorífico e qual o estado de conservação. É uma forma de ajudar a fazer compras racionais e a reduzir o desperdício.

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Christopher Penn/Flickr

Investigadores do programa MIT Portugal desenvolveram um pequeno sensor que, colocado nas embalagens de alimentos, pode ajudar os consumidores a perceber se têm determinado produto na despensa ou no frigorífico e qual o seu estado de conservação.

A informação acerca dos alimentos pode ainda ser consultada nos telemóveis, no decorrer das deslocações ao supermercado ou à praça, contribuindo para compras racionais e para a redução do desperdício alimentar. “É como se fosse um selo de correio, com moléculas muito pequenas que se tornam sensores e reagem a variações de temperatura, exposição à luz e à humidade, assim como a outras propriedades dos alimentos”, avançou hoje à agência Lusa Tiago Cunha Reis.

O investigador do programa doutoral MIT Portugal, resultado de uma parceria com a universidade norte-americana MIT, explicou que o “selo de correio” pode ser colocado em qualquer embalagem, seja uma garrafa de vidro ou de cartão, como um pacote de leite. Tem a capacidade de reter informação sobre a qualidade do produto através da leitura daquelas variáveis, mas também de registar esses dados, o que permite recebê-la comunicando, por exemplo, com um telemóvel, com uma aplicação “mobile” também já desenvolvida, como especificou Tiago Cunha Reis.

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Aplicação mobile dá todas as informações no smartphone DR

“Em qualquer momento e em qualquer lugar sei qual o produto que tenho e qual o seu estado de conservação”, resumiu o investigador que já apresentou o seu trabalho no MIT, nos EUA. A análise do sensor, relatou, vai além da informação do prazo de validade do alimento, ao ter em conta “todas as variáveis que actuaram sobre o produto, desde o seu ciclo de produção, distribuição e consumo, e faz um cálculo que reflecte o seu estado” de conservação, através de uma percentagem de zero a 100 em que 100 é o melhor. Assim, quando o consumidor vai ao supermercado pode receber informação do que tem na despesa ou no frigorífico e qual o seu estado de conservação, de modo a gerir de forma sustentável as compras.

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Cada produto tem um selo DR

Esta é uma forma de ajudar a fazer compras racionais e a reduzir o desperdício, realçou Tiago Cunha Reis. Ao deparar-se com uma situação de desperdício de alimentos por estarem deteriorados, num porto, o investigador começou a trabalhar num pequeno protótipo, falou com algumas pessoas para receber comentários sobre as tecnologias, e com produtores de vinho, ovos ou lacticínios e desenvolveu um produto em função das “especificações dos potenciais clientes”.

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Vermelho significa que o consumo não é aconselhável DR

Assim foi desenvolvido o produto que “já está completamente construído” e está prevista a entrada no mercado ainda em dezembro. Este projecto, através da Mater Dynamics, entidade criada para trabalhar o produto, foi distinguido na semana passada, na 4.ª edição do projecto de empreendedorismo do Expresso e da EDP ao receber um prémio de 20 mil euros.

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