Macron: “Pode acontecer uma crise sem precedentes no sistema internacional”

“O nacionalismo é guerra e a não-cooperação destrói tudo o que foi erguido nos últimos anos”, disse o Presidente francês na abertura do Fórum da Paz.

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Emmanuel Macron na abertura do Fórum da Paz, em Paris EPA

O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse esta terça-feira que o sistema multilateral está à beira de uma “crise sem precedentes”, apontando a progressão dos nacionalismos e do princípio da “não-cooperação” como as sementes de possíveis futuros conflitos.

Emmanuel Macron falava na abertura da segunda edição do Fórum da Paz, iniciativa que arrancou em Paris e que vai reunir até quarta-feira cerca de 30 chefes de Estado e de Governo, grande parte oriundos de países africanos, e representantes de várias organizações não-governamentais e instituições internacionais.

O tom do discurso do chefe de Estado francês foi marcado pela defesa e pela necessidade de reforçar os vínculos entre países.

“Acredito que pode acontecer uma crise sem precedentes no nosso sistema internacional”, declarou Macron, considerando que “o nacionalismo é guerra e que a não-cooperação destrói tudo o que foi erguido nos últimos anos”.

O Fórum de Paris para a Paz foi uma iniciativa lançada pelo Presidente francês no Verão de 2017, no âmbito das celebrações do centenário do fim da I Guerra Mundial (1914-1918), e teve a sua primeira edição em Novembro de 2018.

Macron frisou que a Europa, e os respectivos progressos, são um exemplo da importância e do peso da cooperação internacional, lembrando que, no passado, este mesmo continente também sofreu “o preço que se paga por uma não-cooperação”.

Para evitar pagar esse preço, o Presidente francês afirmou que é necessário investir “numa cooperação equilibrada e no multilateralismo”.

Macron, que na semana passada considerou que a NATO se encontra num estado de “morte cerebral”, afirmou que o Fórum da Paz pode ser uma plataforma para desenvolver “novas iniciativas” que complementem o trabalho de cooperação já realizado por organizações internacionais.

A sessão de abertura do Fórum contou com a presença da presidente da Comissão Europeia eleita, Ursula Von der Leyen, que, na sua intervenção, defendeu também  o multilateralismo e prometeu iniciar uma “verdadeira Comissão geopolítica”, “uma Europa mais voltada para o exterior”.

“Sozinha, nenhuma pessoa consegue enfrentar os desafios. Apenas juntos podemos trabalhar pela paz e pela prosperidade”, insistiu Von der Leyen, prometendo aumentar em 30% os gastos externos da União Europeia.

Uma linha de pensamento também mencionada pelo vice-presidente chinês, Qishan Wang.

As alterações climáticas, as desigualdades sociais, a desinformação ou a cibercriminalidade são alguns dos temas em foco no Fórum da Paz.

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