Europa confiante que EUA não vão subir taxas sobre automóveis

Prazo para a Casa Branca decidir se sobre taxas alfandegárias sobre a importação de automóveis termina esta quinta-feira. Adiamento da decisão é visto como o cenário mais provável.

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Reuters/Thomas Peter

Termina esta quinta-feira o prazo definido pela Casa Branca para decidir se irá agravar até 25% as taxas alfandegárias aplicadas aos automóveis importados da União Europeia, mas a expectativa nas capitais europeia é a de que, para já, os EUA irão adiar essa medida.

De acordo com responsáveis da União Europeia citados pela agência Reuters, a expectativa neste momento é a que “não haverá aumento de taxas durante esta semana”, uma previsão optimista que resulta das indicações que têm vindo a ser dadas de forma informal pela administração norte-americana.

Ainda a meio das negociações para resolver o conflito comercial com a China, os EUA têm mantido, durante os últimos meses, a ameaça de abrirem uma nova frente de batalha com a União Europeia e outros países com um forte sector automóvel. Em diversas ocasiões, o presidente norte-americano falou da possibilidade de serem aplicadas taxas alfandegárias sobre os veículos automóveis importados pelos EUA, como forma de contrariar aquilo que diz ser as práticas comerciais injustas por parte da UE.

Para tornar essa ameaça ainda mais evidente, a Casa Branca deu início a um processo de análise à possibilidade de subir taxas no sector automóvel invocando riscos de segurança nacional. O prazo para a tomada de decisão já foi adiado anteriormente para esta quinta-feira, mas existem indícios de que um novo adiamento poderá ocorrer. No início deste mês, o secretário do Comércio norte-americano Wilbur Ross referiu-se à existência de “boas conversas” com os fabricantes automóveis europeus, coreanos e japoneses, que poderiam evitar a imposição de taxas mais elevadas.

Mais sinais relativamente à posição a tomar pelos EUA nesta questão poderão sair do discurso sobre comércio que Donald Trump tem agendado esta terça-feira. Nessa intervenção, o presidente dos EUA deverá também dar conta dos últimos desenvolvimentos nas negociações com a China.

“Acreditamos que nada irá acontecer por agora, mas a ameaça de novas taxas deverá continuar a ser usada como vantagem negocial”, afirma um responsável da UE citado (mas não identificado) pela agência Reuters.

Para a União Europeia, o início de uma guerra comercial com os EUA envolvendo em particular o sector automóvel constituiria um risco muito significativo para a evolução de uma economia que já dá sinais muito claros de abrandamento. Em particular, a economia alemã, que poderá já ter entrado em recessão técnica durante o terceiro trimestre deste ano, tem no seu sector automóvel um dos principais motores da sua economia, com a agravante de os Estados Unidos serem um dos principais destinos das suas exportações.

É por isso que, ao longo dos últimos anos, Angela Merkel e o seu governo têm defendido em Bruxelas a adopção de uma política em relação aos EUA que limite ao máximo o risco de confronto. Já a França tem-se mostrado mais favorável a uma estratégia mais agressiva, em que a Europa não ceda às ameaças de taxas vindas do outro lado do oceano.

Os EUA já agravaram as taxas de alguns produtos importados da União Europeia e as empresas exportadoras portuguesas não escaparam a um impacto negativo, nomeadamente no que diz respeito a produtos como o queijo e as frutas.

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