Apple baniu aplicação para espiar “gostos” dos outros no Instagram

A aplicação vinha substituir um antigo separador do Instagram que mostrava as contas e publicações com que os amigos dos utilizadores interagiam com comentários e gostos.

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A aplicação tinha cerca de 300 utilizadores quando foi banida Adriano Miranda

A Apple decidiu banir da sua loja online uma aplicação criada em Julho para monitorizar a actividade de outras pessoas no Instagram. Por 80 dólares por ano (cerca de seis euros por mês), a Like Patrol – que só estava disponível para iOS – avisava os seus utilizadores sobre quais as publicações que outras pessoas no Instagram gostavam, e quem seguiam ou deixavam de seguir.

Parte do objectivo da aplicação era substituir um antigo separador do Instagram (“Following”, em inglês) que mostrava as contas e publicações com que os amigos dos utilizadores interagiam com comentários e gostos. Mas juntava informação sobre os seguidores de cada utilizador, e quais as contas com que outros utilizadores mais interagiam (algo que devia ajudar a identificar interesses amorosos na aplicação).

Segundo o criador da aplicação, Sergio Luis Quintero, em declarações ao site de tecnologia CNET no final de Outubro, a Like Patrol era como o antigo separador Instagram “mas com esteróides” e permitia “expor comportamento lascivo, que é abundante no Instagram”.

O projecto, porém, apenas durou quatro meses. A decisão da Apple chega um mês depois de o Instagram ter enviado uma notificação legal à Like Patrol para deixar de operar, acusando o serviço de acumular dados dos utilizadores do site sem permissão da rede social. Na altura, o Facebook (que é o dono do Instagram) explicou que “rastrear os dados dos utilizadores” não é permitido. 

A aplicação diz que vai recorrer do bloqueio da Apple. Contactado pelo PÚBLICO, Quintero diz que “acredita firmemente” que a aplicação não viola a política da Apple. “Se a nossa aplicação viola quaisquer políticas, o Instagram também as teria violado entre 2011 e 2019 com o separador Following”, diz Quintero. “Há uma grande hipocrisia da parte do Facebook. Nós não recolhemos dados de utilizadores do Instagram, damos-lhe uma ferramenta que organiza informação que já está disponível.”

A aplicação é um exemplo da tendência recente de usar tecnologia para saber o que outros estão a fazer distância: além de programas que compilam informações sobre outros, há programas de espionagem escondidos em telemóveis que transmitem a localização exacta do utilizador e programas que dão acesso a mensagens alheias enviadas através do computador. Tanto a loja online do Google como a da Apple têm algumas destas aplicações disponíveis, embora nem sempre seja óbvio o fim a que se destinam – muitas vezes, são apresentadas como aplicações para a segurança dos menores.

Quando foi banida da loja da Apple, a Like Patrol tinha cerca de 300 utilizadores, de acordo com o fundador.

Actualizado 12/11/2019 com comentário da Like Patrol. 

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