Emigrou para a Noruega para jogar futebol e acabou vice-presidente da câmara

Filho de um antigo presidente da câmara de Tomar, Nuno Marques jogou no Benfica e no Estrela de Amadora, antes de acabar a carreira na Noruega.

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O antigo guarda-redes aceitou treinar o Notodden FK e este ano aceitou concorrer nas eleições locais DR

Nuno Marques emigrou para a Noruega há 15 anos para jogar futebol e treinar uma equipa e acabou eleito vice-presidente da Câmara de Notodden (Leste), funções que jamais aceitaria em Portugal, onde “o principal problema da polícia são os políticos”.

Apesar de ser filho de um ex-presidente da Câmara Municipal de Tomar, que esteve nestas funções durante dois mandatos e muitos outros como vereador, Nuno Marques não vê com bons olhos a política em Portugal e durante vários anos o seu desafio travou-se entre quatro linhas.

Como guarda-redes jogou no Benfica, passou pelo Estrela da Amadora e, em 2004, rumou a Oslo, capital da Noruega, para acompanhar o Lyn.

O fim da carreira de futebolista não o afastou dos relvados e aceitou treinar o Notodden FK, ficando na cidade onde desde o passado dia 17 desempenha o cargo de vice-presidente de câmara.

Um mergulho na política que foi “por acaso”.

“Pedi a uma deputada no parlamento norueguês para ir dar uma aula aos meus estudantes estrangeiros que estavam a fazer Erasmus na minha universidade. Referi que o meu pai tinha sido presidente da câmara de Tomar, há 30 anos, e ela convidou-me para ser cabeça de lista” do Partido do Centro (Senterpartiet).

Aceitou, mas apenas porque a política norueguesa é “diferente” da que se faz em Portugal, sublinhou.

“São dois mundos totalmente diferentes e, se uma oportunidade destas me tivesse surgido em Portugal, nem pensar. Mas, aqui na Noruega as coisas funcionam de forma diferente, há respeito entre os partidos políticos e entre os políticos”.

O passado político do pai, Pedro Marques, durante décadas na política local de Tomar, não o levou a ter uma ideia melhor. Em Portugal “os discursos são sempre os mesmos”, lamentou.

“Os tempos mudam, mas os discursos são sempre os mesmos e os mesmos políticos, desde a década de 1990. Mudam de cargo para cargo, alguns estão em novos partidos. Há pouca coisa nova, poucas ideias novas. O problema da política em Portugal são os políticos”, disse.

Ao aceitar este cargo, Nuno Marques quis também retribuir a forma como se sentiu integrado na cidade e na sociedade, assim como à sua família. “Esta foi uma óptima maneira de dar em troca a uma cidade que tanto me tem dado”, sublinhou.

Sobre o seu papel no poder local desta cidade norueguesa, Nuno Marques disse estar ainda a viver os primeiros momentos, que têm sido marcados por uma grande cordialidade.

“As pessoas ainda estão a adaptar-se ao facto de me verem como político e não como o ex-guarda-redes do clube, mas sempre deixei uma boa imagem por onde passei. As pessoas têm uma boa imagem de mim. Até agora tem sido uma experiência muito boa que está a correr melhor do que alguma vez imaginava”, descreveu.

Mas nem tudo são rosas no meio político local, tendo-se registado nos últimos tempos alguma crispação entre os partidos políticos que Nuno Marques espera ajudar a minimizar com recurso à diplomacia.

O antigo guarda-redes não sabe qual a partida que o espera no futuro, tendo em conta a quantidade de coisas que lhe têm acontecido nos últimos anos.

Sabe, contudo, que o seu futuro e o da família passam pela Noruega, onde é grande a qualidade de vida, com estabilidade e sem preocupações e, principalmente, com tempo para a família.

Não receia ficar viciado na política, insistindo na necessidade de dormir de consciência tranquila e garante que será intransigente em relação às faltas de educação, de respeito e às injustiças.

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