México oferece asilo político a Evo Morales

Ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano diz que há “uma operação militar em curso na Bolívia semelhante aos trágicos acontecimentos que ensanguentaram a América Latina no século passado”.

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O Presidente boliviano no momento em que anunciou a sua resignação Reuters/REUTERS TV

O Governo do México anunciou esta segunda-feira que o Presidente demissionário da Bolívia, Evo Morales, tem as portas abertas no país se decidir pedir asilo político.

“Reconhecemos a atitude responsável do Presidente da Bolívia, Evo Morales, que preferiu renunciar a expor o seu povo à violência”, disse o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

Pouco depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Marcelo Ebrard, dizia no Twitter que o país tinha recebido 20 personalidades do Governo e do Parlamento bolivianos na sua embaixada em La Paz, “em conformidade com a sua tradição de asilo e de não-intervenção”.

“Decidimos oferecer asilo também a Evo Morales”, disse o ministro mexicano.

“Há uma operação militar em curso na Bolívia. É semelhante aos trágicos acontecimentos que ensanguentaram a América Latina no século passado”, acusou Marcelo Ebrard, afirmando que o México “vai manter a sua posição de respeito pela democracia e pelas instituições”.

Com a chegada de Obrador ao poder, há um ano, o México aproximou-se do Governo boliviano de Evo Morales e foi um dos primeiros países a felicitá-lo pela vitória nas eleições de Outubro.

São essas eleições que estão na base da crise política na Bolívia. Depois de uma primeira estimativa que apontava para a necessidade de uma segunda volta entre Morales e o seu principal adversário, o ex-Presidente Carlos Mesa, a contagem foi interrompida – e a Organização de Estados Americanos apresentou um relatório em que diz ter havido fraude eleitoral generalizada.

Evo Morales foi declarado vencedor na primeira volta. Depois de um período com protestos nas ruas, os militares exigiram o afastamento do Presidente boliviano no domingo.

“Forças obscuras destruíram a democracia”, disse Evo Morales na hora da saída. “A luta não acaba aqui. Os humildes, os pobres, os sectores sociais, vamos continuar esta luta pela igualdade e a paz”, declarou o Presidente demissionário. O vice-Presidente, Álvaro García Linera, também se demitiu.

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