Ao fim de um ano, o Pérola Negra olha-se ao espelho e reflecte o que foi 2019 (e o que será 2020)

O Pérola Negra, no Porto, celebra o primeiro aniversário da sua terceira vida a 22 e 23 de Novembro com teatro, hip hop, techno, neosoul. Condensa 2019 em dois dias — mas vêm aí mudanças.

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Paulo Pimenta

Há um ano, um novo Pérola Negra (já na sua terceira vida, pós-alterne, pós-discoteca) abria as suas portas com a missão de ser um “espaço de colaboração, igualitário e inclusivo”. Doze meses passaram e a (preguiçosa) noite do Porto lá se foi arrastando para o viaduto Gonçalo Cristóvão – com filas a alcançar a esquina em dias de (grande) festa, por exemplo nas obrigatórias Kebraku.

Com os seus espelhos, varões, luzes vermelhas e bom gosto em geral, o Pérola é hoje um destino obrigatório no roteiro nocturno portuense e, para festejar, tentou condensar o ano de 2019 em dois dias. Missão impossível? Até estava para ser pior. “Tínhamos a ideia de fazer um espectáculo ininterrupto durante um fim-de-semana com todos os promotores e parceiros”, conta ao P3 Jonathan Tavares, responsável pela programação. Mas o “infortúnio” de uma inundação no final de Setembro veio alterar os planos (mas, pelo menos valeu a distinção de best scuba destination 2019).

Com os pés já bem assentes na terra (seca), desenhou-se a festa de anos. Vai ser a 22 e 23 de Novembro e tenta reflectir (ou não existissem por lá muitos espelhos) o que o espaço tem sido. As duas noites começam com o teatro dos Palmilha Dentada, que voltam ao Pérola com uma nova peça depois de terem apresentado O Bode do Restelo em Junho — e, está prometido, mais incursões virão. Na sexta, NERVE assina o filão do hip hop para miúdos e graúdos, Actress leva o seu techno experimental e introvertido e, a representar a prata da casa, Arrogance Arrogance e Gusta-vo.

Já no sábado, chega de Los Angeles o produtor Taylor McFerrin, filho de Bobby McFerrin (sim, da Don’t Worry Be Happy), que vai mostrar ao vivo por que não gosta de fronteiras entre neosoul, r&b, hip-hop e electrónica – na lista de contactos tem gente como Hiatus Kayote, Thundercat e Anderson .Paak. Por seu turno, Moullinex fará o que não conseguiu fazer no final de Setembro (hashtag inundação) e, a jogar em casa, estará o plantel de luxo Torres b2b NOIA, Rompante e Elite Athlete. A acompanhar os festejos, há também uma nova campanha visual sem caras ou rostos, só audição – talvez ainda reconheças a orelha de um amigo nalgum cartaz ou vídeo. Entretanto, até ao fim-de-semana de aniversário, há, entre outros, Adam Port, DJ Stingray, a festa Achtung! e um concerto de Stavroz.

E agora, o que se segue até ao segundo aniversário? Jonathan reconhece que ser uma “casa inclusiva” na sua total abrangência é “muito difícil”, tendo em conta que há um lado de sustentabilidade financeira que é impossível de ignorar. Dito isto, a porta continua aberta para apoiar projectos musicais “mais alternativos” e de nicho, mas os clientes habituais talvez reparem que haverá nova “uma abordagem mais pop”. House, techno e outras derivantes da música electrónica vão partilhar o palco com novas rubricas também — haverá uma noite ligada à soul e música negra. A Kebraku tem lugar cativo e mantêm-se amizades, por exemplo, com a Turbo, para a ala do trap latino e reggaeton, e a Match Attack. Mais notícias serão anunciadas em breve. Prontos para mais um ano?

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