“E nós não tínhamos alma para abarcar a tristeza”

O novo romance de Mário Lúcio Sousa é um “livro de óbitos”, um monumento de papel em memória das vítimas do Tarrafal. Mas é também uma afirmação da vida, da liberdade e da esperança.

Foto
Daniel Rocha

Quando o campo de concentração do Tarrafal foi finalmente encerrado, com a libertação dos últimos prisioneiros, no dia 1 de Maio de 1974, o músico e escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa estava lá: “Eu nasci numa aldeia que fica distante do campo de concentração uns cinco ou seis quilómetros. Nesse dia, saí de casa sem autorização de ninguém e fui até à porta da prisão ver sair os presos. Marcou-me muito. Enquanto se esperava que as autoridades chegassem da Praia para libertarem os presos, por pressão popular, havia tambores, havia apitos. Lembro-me de um indivíduo que tinha um violão preto, country, e uma harmónica com um suporte de pescoço, como o Bob Dylan. Era o Sana Pepper [músico pop cabo-verdiano], de quem sou hoje muito amigo.”

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários