Djavan compara em Vesúvio a força das mulheres à força de um vulcão

O cantor e compositor brasileiro Djavan está de volta, com um novo disco e um novo espectáculo que já teve estreia portuguesa no Casino Estoril e vai ser apresentado esta sexta-feira no Campo Pequeno, em Lisboa, às 21h30: Vesúvio.

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Djavan fotografado para a promoção de Vesúvio DR

Não é por o mundo parecer um vulcão que Djavan gravou Vesúvio. A imagem que o guiou no novo disco, sucessor de Rua Dos Amores (2012) e Vidas Pra Contar (2015), é outra, como ele explica ao PÚBLICO, escassas horas antes de entrar em palco no Casino Estoril, na noite de 6 de Novembro: “Quis fazer uma analogia entre a força de um vulcão e a força de uma mulher. Podia ser o Etna, o Kilauea, mas eu tenho uma particular paixão pelo Vesúvio. A palavra é linda, é sonora, o Vesúvio é um vulcão importantíssimo na Itália e eu achei que trazer a analogia entre a mulher e a força de um vulcão era uma coisa bacana. E foi por isso que eu o usei.” Depois da estreia no Estoril, sobe esta sexta-feira ao palco do Campo Pequeno, em Lisboa, pelas 21h30.

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Djavan na capa de Vesúvio

O disco, lançado mundialmente em 2018, escreveu-o em três meses: “Foi rápido a escrever, a gravar não.” Lançou-se depois à estrada e ainda não parou, com lotações esgotadas no Brasil e, diz ele, muito boa recepção por todo o lado. “É um show com um atractivo forte, porque além das músicas clássicas, o disco está a ser muito bem aceite. Tem pelo menos duas canções já bastante conhecidas, Solitude e Vesúvio, e o êxito promete continuar assim até ao fim, pelo ano de 2020.” Depois da Argentina, Chile, França e Portugal, virão Inglaterra, Espanha, Itália e Holanda.

“Grandes esperanças no futuro”

Com doze temas e uma faixa bónus, Vesúvio canta o amor e as relações pessoais, mas também lança um olhar sobre o estado do mundo (foi escrito no período pré-eleições presidenciais no Brasil): “Foi uma chamada de atenção para o que viria e, ao mesmo tempo, uma demonstração de esperança no futuro. Quando eu falo das mazelas do Brasil e do mundo, porque hoje as mazelas são indissociáveis, todos nós as temos, apesar disso há um futuro. E esse futuro precisa ser construído. Essa foi a ideia: passar uma mensagem de esperança e não tirar o foco do futuro.”

Isto fica explícito em canções como Viver é dever ou Solitude, onde ele canta (na primeira): “Nessa pressão/ Quem há de dar a mão/ Pra que o mundo saia lá do fundo/ Pra respirar e não morrer”; e (na segunda): “Um mundo louco/ Evolui aos poucos/ Pela contramão/ O erro invade/ Tudo o que é cidade/ Cai na imensidão// Guerra vende armas/ Mantém cargos/ Destrói sonhos/ Tudo de uma vez/ Sensatez/ Não tem vez/(...)” Mas também, em resposta: “Quem é que sabe/ O quanto lhe cabe/ Dessa solitude/ Por isso a hora/ De fazer é agora/ Tome uma atitude.”

E este desafio a “tomar uma atitude” é um reflexo do pensamento e da própria atitude do cantor: “O ‘não’ a gente já tem. Então vamos em busca do ‘sim’. Porque eu tenho grandes esperanças no futuro, mesmo. Tenho uma esperança enorme na humanidade, apesar de tudo. O povo brasileiro era um povo mais passivo, mas está cada vez mais atento. Simbolicamente, 2013 é o ano que eu coloco como sendo o ano do despertar, de o povo entender: as reformas, somos nós que fazemos. É nas ruas que a gente obtém as reformas: o que é que a gente necessita, quais são os nossos direitos, o que é que os governos têm de fazer – porque eles estão ali para nós! O Brasil mudou de 2013 para cá, o povo aprendeu que o poder está com ele. E tem que ir à rua reivindicar. É por isso que hoje não tenho medo de governo nenhum. Porque o povo é maior. E eu conto com isso.”

Com Jorge Drexler, em espanhol

Voltando ao disco: além das já citadas Vesúvio, Solitude e Viver é dever, há mais nove originais: Dores gris, Tenho medo de ficar só, Cedo ou tarde, Orquídea, Madressilva, Mãos dadas, Meu romance, Entre outras mil e Um quase amor. A faixa-bónus, intitulada Esplendor, é uma variante espanhola do tema Meu romance e conta com o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler, na composição e na voz. Djavan explica porquê: “Eu fiz a música Meu romance, que está no disco, e como se trata de um bolero, tive a ideia de lançá-la no mercado latino. Então chamei o Jorge Drexler para fazer a letra em espanhol e gravámo-la juntos.” Nunca tinham trabalhado juntos. “É a primeira vez. Nem o conheço pessoalmente, ainda, vou conhecê-lo agora em Madrid.” Tudo graças à Internet. Mas é ao vivo que Lisboa verá Djavan, na “explosão” deste seu Vesúvio.

Quem quiser ver também Jorge Drexler ao vivo, terá duas oportunidades em breve. Ele tem dois concertos marcados em Portugal, para apresentar o seu mais recente trabalho, Silente: dia 29 em Lisboa, no Teatro São Luiz (21h), e dia 1 de Dezembro no Porto, na Casa da Música (21h30).

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