BE de Santarém acusa Governo de desvalorizar problemas que afectam o Tejo

Bloco de Esquerda acusa o Ministério do Ambiente de tentar “fugir a uma chamada de responsabilidade às autoridades espanholas” e evitar confrontar a Iberdrola, empresa espanhola de electricidade concessionária da Barragem de Cedilho, pelos danos causados aos ecossistemas e às populações.

Foto
Rio Tejo Teresa Abecasis

O Bloco de Esquerda (BE) de Santarém acusou esta quarta-feira o Governo de desvalorizar os problemas que afectam o rio Tejo e instou a tutela a pedir responsabilidades às autoridades espanholas, nomeadamente à concessionária da Barragem de Cedilho.

Em comunicado, a distrital de Santarém do Bloco de Esquerda acusa o Ministério do Ambiente de agir de forma “politicamente irresponsável”, ao recusar “reconhecer a situação dramática que a bacia hidrográfica do Tejo vive”. “De forma politicamente irresponsável, o Governo tenta desvalorizar o assunto e procura fugir a uma chamada de responsabilidade às autoridades espanholas e evita confrontar a Iberdrola, empresa espanhola de electricidade concessionária da Barragem de Cedilho, pelos danos causados aos ecossistemas e às populações”, afirma a nota dos bloquistas.

A distrital do Bloco de Esquerda aponta “sucessivas contradições na avaliação dos problemas do rio Tejo”, por parte do ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Matos Fernandes, e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Segundo o BE, “Espanha quer reter mais água para gerir de acordo com interesses económicos a sua produção hidroeléctrica nas barragens e aumentar o transvase Tejo”, situação que para os bloquistas “coloca em causa a soberania portuguesa” e “prejudica gravemente valores ambientais”. “Trata-se de um mau prenúncio para o início de um novo mandato, depois de tudo o que aconteceu com a desastrosa gestão política dos casos de Almaraz e da poluição da Celtejo”, argumentam.

Há uma semana João Matos Fernandes recusou que o rio Tejo esteja a atravessar um período de falta de água, sustentando que o problema está num afluente, o rio Pônsul. Na ocasião, o governante ressalvou que tem “comunicado com Espanha variadíssimas vezes” sobre este tema.

Na terça-feira, o ministro anunciou que pediu uma reunião urgente à sua homóloga espanhola para ter “resposta cabal” sobre como Espanha compensará o caudal do Tejo depois do quase esvaziamento da barragem de Cedillo, que afectou o rio do lado português.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência sobre financiamento da economia de baixo carbono em Lisboa, João Pedro Matos Fernandes afirmou querer acreditar que “não se repetirá” a mega descarga de 14 milhões de metros cúbicos da barragem de Cedillo em Setembro passado — para Espanha cumprir o volume anual integrado estabelecido na Convenção de Albufeira sobre a gestão dos rios internacionais da Península Ibérica — que passaram por Portugal sem qualquer aproveitamento.

O ministro defendeu que Portugal deve construir mais uma barragem num afluente do Tejo, uma decisão que reconhece que terá impactos ambientais e para a qual o Governo quer ter pronto um estudo prévio até ao próximo Verão.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários