Fátima e Maria de Lourdes já não têm de sair do centro histórico de Lisboa

Foram afectas as 50 casas do segundo concurso de habitação que a câmara de Lisboa dedicou aos moradores do centro histórico. Estão concluídas 15, as restantes deverão estar todas prontas no terceiro trimestre de 2020.

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No primeiro concurso "Habitar o Centro Histórico" foram atribuídas 100 casas Nuno Ferreira Santos

As histórias vão-se repetindo: viveram décadas na mesma casa, o prédio onde moravam foi vendido e o novo senhorio informa que não pretende renovar o contrato de arrendamento. Aconteceu com Maria de Fátima Gonçalves, 54 anos, e Maria de Lourdes Ferreira, 78, que, não encontrando uma casa que pudessem pagar, concorreram ao segundo concurso de habitação que a câmara de Lisboa desenhou para os moradores do centro histórico — Santa Maria Maior, Misericórdia, Santo António e São Vicente —, alargado às freguesias da Estrela e Arroios, onde as casas a preços acessíveis também escasseiam. 

No ano passado, 100 famílias que tinham perdido a sua habitação — ou estavam em risco de — puderam manter-se ou regressar ao centro histórico. Agora, mais 50 poderão manter-se nestas freguesias. É o caso de Maria de Fátima que morava há 30 anos na mesma casa, na rua do Meio à Lapa. Deixou-a em Agosto, depois de os novos senhorios se terem oposto à renovação do contrato. Candidatou-se a uma casa e acabou por lhe ser atribuído um T1 na mesma freguesia, Estrela. 

Maria de Lourdes vai agora morar com o marido no Bairro Alto, depois de 46 anos a morar em Arroios. Está feliz, disse, mesmo com a mudança de freguesia. “Tinha de subir umas escadas muito grandes todos os dias”, conta. Agora, o maior desafio, será lidar com a movida – e o ruído — das noites do Bairro Alto, mas garante que isso não a assusta. 

Apesar de Maria de Lourdes mudar de freguesia, a autarquia garante que manter as pessoas no seu bairro, “nos sítios onde estavam habituadas a viver” é uma preocupação, frisou o presidente da câmara, Fernando Medina. E é também “uma forma de combate à saída de moradores das zonas onde sempre viveram, muito devido à situação da lei do arrendamento”, continuou a vereadora da Habitação, Paula Marques. 

Sobre um possível concurso “Habitar o Centro Histórico 3”, a vereadora não avança com detalhes, dizendo que é tempo de olhar para outras “necessidades das famílias que precisam de habitação em Lisboa, em particular da classe média”. Na segunda-feira foram entregues 46 casas no Bairro da Boavista, depois de no início do ano terem sido entregues 50 que substituíram as velhas casas de alvenaria. 

No ano passado, a autarquia atribuiu cerca de 600 casas e Fernando Medina fixa a meta de, em 2019, chegar às 800. “Há um ritmo elevado agora, mas já há projectos em obra para que possamos reforçar as casas atribuídas na cidade”, notou o autarca. Medina referia-se à construção das 130 casas que vão constituir o novo Bairro da Cruz Vermelha, e que estão em fase de conclusão, e às obras que estão a decorrer em alguns dos edifícios que albergaram serviços da Segurança Social e que estão a ser reconvertidos em casas para a classe média.

Foram esta quarta-feira atribuídas as 50 casas — Arroios (6), Estrela (9), Misericórdia (14), Santo António (1), São Vicente (4) e Santa Maria Maior (16), ainda que, para já, apenas 15 estejam concluídas. As restantes estão em obra e deverão estar todas prontas no terceiro trimestre de 2020.

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