O crítico prodigioso

Como escritor temerário que sempre foi, e sentindo-se “outcast de grupos literários e profissionais”, Sena falou de tudo, de todos e da maneira que entendeu ser a certa, mesmo que por vezes tenha sido desagradável ou agressivo.

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Na obra crítica de Jorge de Sena, e apesar da vastidão do tópico, que abrange inúmeros estudos de história, de cultura e muitos outros de literatura, é possível reconhecer a prática persistente de quatro verbos: “elucidar”, “corrigir”, “desmentir” e “analisar”. Ainda que recorrentes ao longo da sua produção ensaística, surgem enunciados por esta ordem na introdução a Estudos de História e de Cultura (1967), um volume monumental que faz o escrutínio genealógico do primeiro rei de Portugal e termina com um extenso ensaio dedicado à evolução do mito de Inês de Castro, comentando autores e épocas diferentes. Os quatro verbos em causa podem aplicar-se ao espírito crítico deste autor, e julgo que são também os princípios orientadores e, ao mesmo tempo, os objectivos da actividade crítica de Sena: a vontade de esclarecer (a si e aos outros), de corrigir (eventuais equívocos), de desmentir (repor a verdade) e de fazer a análise e “observação concreta” do que são as obras e as personalidades que as criaram, procurando provas cabais de que as suas intuições eram realmente certeiras e não se reduziam a  meras opiniões.

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