Autor da denúncia contra Trump disposto a responder às perguntas do Partido Republicano

Agente da CIA que denunciou a chamada telefónica entre os Presidentes dos EUA e da Ucrânia, em Agosto, dispensa o filtro dos congressistas do Partido Democrata no processo de impugnação contra Donald Trump.

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Em causa estão as relações entre a Casa Branca e o Presidente ucraniano Reuters/Yuri Gripas

O agente dos serviços de espionagem dos EUA cuja denúncia, em Agosto, deu origem ao processo de impugnação em curso contra o Presidente Donald Trump, disse que está disposto a responder directamente às perguntas dos congressistas do Partido Republicano, sem que esse processo passe pelas mãos do Partido Democrata na Câmara dos Representantes.

A disponibilidade do agente, que permanece desconhecido do grande público, foi transmitida no sábado pelo seu advogado ao congressista Devin Nunes, do Partido Republicano, avança este domingo a CBS News.

Nunes é o líder dos republicanos na Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, que é composta por uma maioria de congressistas do Partido Democrata. O presidente da comissão, o democrata Adam Schiff, é visto como o principal investigador do processo de impugnação.

Sabe-se que a pessoa que alertou o inspector-geral dos serviços secretos, em Agosto, para uma chamada telefónica entre Donald Trump e Volodimir Zelensky, a 25 de Julho, é agente da CIA. Mas a sua identidade não foi revelada porque a queixa foi feita ao abrigo da lei que protege os funcionários do governo que denunciem casos de más práticas ou abuso de autoridade (os whistleblowers).

Na denúncia, o agente disse que o Presidente Trump pressionou Zelensky a abrir investigações sobre o Partido Democrata e sobre Joe Biden, um dos seus possíveis adversários nas eleições de 2020. Em troca, segundo a denúncia, Trump desbloquearia um pacote de quase 400 milhões de dólares para ajuda militar à Ucrânia, e receberia o Presidente ucraniano na Sala Oval da Casa Branca – um gesto de que Kiev precisava para mostrar à Rússia que ainda conta com o apoio norte-americano.

Essa primeira denúncia envolvia o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, num plano mais alargado para pressionar a Ucrânia com o objectivo de obter ganhos políticos nos EUA, contra o Partido Democrata. No último mês, várias testemunhas disseram nas audições do processo de impugnação, conduzidas até agora à porta fechada, que essa pressão existiu mesmo.

Na passada quinta-feira, a maioria do Partido Democrata na Câmara dos Representantes aprovou uma proposta que permite a realização de audições em público, com testemunhas que já falaram à porta fechada e com possíveis novas testemunhas, como John Bolton, o antigo conselheiro de Segurança Nacional que saiu do cargo em Setembro em confronto com o Presidente Trump.

Em resposta às acusações da Casa Branca e do Partido Republicano de que o Partido Democrata está a conduzir o processo em segredo, o advogado Mark Zaid disse à CBS News, este domingo, que o autor da denúncia está disposto a responder às perguntas de Devin Nunes e dos seus colegas republicanos na Comissão de Serviços Secretos.

Segundo Zaid, a proposta foi feita a Nunes no sábado e o congressista ainda não respondeu. O autor da denúncia está disposto a responder às perguntas por escrito dos congressistas republicanos sem o filtro dos congressistas do Partido Democrata (que poderiam bloquear essa troca por estarem em maioria). O advogado recordou que as respostas seriam dadas sob juramento e sob pena de perjúrio.

A identidade do autor da denúncia seria mantida perante os congressistas e o grande público, e seria confirmada pelo inspector-geral Michael Atkinson – o responsável nomeado por Donald Trump a quem o agente da CIA transmitiu as suas suspeitas e acusações.

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