Chega e Iniciativa Liberal cativam temas do CDS

André Ventura criticou os “subsídio-dependentes”, Cotrim Figueiredo apontou o “ aumento de poderes” do fisco.

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Cecília Meireles LUSA/TIAGO PETINGA

Os deputados únicos do Chega e da Iniciativa Liberal estrearam-se no Parlamento com temas que são ou já foram bandeiras do CDS-PP. É o caso da segurança, da elevada carga fiscal – crítica em que os centristas voltaram a insistir neste debate do programa de Governo –, dos “subsídio-dependentes” e dos antigos combatentes, temas que eram recorrentes nos discursos de Paulo Portas.

André Ventura trouxe para plenário a crítica aos “subsídio-dependentes” que “vivem à conta do Estado” em contraste com os portugueses que são chamados “todos os dias a trabalhar”. O deputado do Chega não especificou a que apoio financeiro se referia, mas a crítica fez lembrar o discurso contra os abusos na atribuição do Rendimento Social de Inserção (ex-Rendimento Mínimo Garantido) que já foi uma bandeira do CDS na liderança portista. O ex-líder do partido insistiu neste discurso considerado mais à direita até 2011, altura em que o CDS integrou o Governo liderado pelo PSD.

O mesmo acontece com a exigência de reconhecimento aos antigos combatentes da guerra colonial que foi lançada por André Ventura e que já foi um traço forte do CDS de Paulo Portas. O deputado do Chega saiu em defesa das forças de segurança, uma causa que os centristas faziam questão de manter na agenda mediática e que se tornou mais apagada nos anos de liderança de Assunção Cristas. O tema, que costuma ser típico dos partidos de direita, parece voltar a estar nas prioridades do CDS. Numa das intervenções da bancada no debate do programa de Governo, Telmo Correia assinalou o “descontentamento das forças de segurança” e referiu-se ao protesto já marcado perante o que foi feito pelo executivo nesta área nos últimos quatro anos.

A bandeira do CDS-PP – o “recorde” da maior carga fiscal de sempre – parece que veio para ficar. Foi uma das tónicas principais do discurso da líder parlamentar, Cecília Meireles. A deputada prometeu que o partido vai insistir na proposta de “desagravamento fiscal” e lamentou que o primeiro-ministro não tivesse dado “resposta directa à pergunta simples” do CDS sobre se pode garantir que “nenhum português com os mesmos rendimentos [em 2019] vai no próximo ano pagar mais impostos”.

Mas aqui a líder da bancada do CDS não esteve sozinha. Não só porque o PSD também tem insistido na questão da carga fiscal mas também porque os deputados do Chega e da Iniciativa Liberal fizeram do tema um dos traços principais do discurso de estreia parlamentar. João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, referiu-se até a um “aumento de poderes para a Autoridade Tributária” previsto no programa de Governo, que “não se preocupa com a protecção dos direitos dos contribuintes”. A referência que remete para o CDS que defendia o contribuinte dos abusos da máquina fiscal. Já André Ventura referiu-se aos portugueses que vivem “sufocados em IMI, taxas e burocracias”.

No tempo que teve disponível para o debate do programa de Governo – o CDS é agora a quinta força política no Parlamento – a bancada optou por confrontar o primeiro-ministro com uma questão doutrinária – a eutanásia

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