Dois mortos em confrontos motivados por acusações de fraude eleitoral na Bolívia

Há uma semana que há confrontos entre grupos pró-governamentais e da oposição por causa dos resultados das eleições presidenciais. Auditoria internacional começa esta quinta-feira.

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Manifestação de opositores a Evo Morales em La Paz Reuters/KAI PFAFFENBACH

Confrontos entre apoiantes do Governo boliviano e opositores deixaram dois mortos na cidade de Montero, a norte de Santa Cruz de La Sierra. Há uma semana que o país vive em clima de crise política, com protestos diários motivados por denúncias de irregularidades na contagem dos votos das eleições presidenciais.

As duas vítimas, identificadas como Mario Salvatierra, de 55 anos, e Marcelo Terrazas, de 41, foram baleadas em circunstâncias que ainda estão por apurar. As mortes e o recurso a armas de fogo sugerem que a violência dos protestos está a subir de tom e todos os actores políticos pedem uma saída pacífica da crise. Uma das vítimas pertencia a um dos movimentos de oposição ao Governo, segundo o El País.

Até agora, grupos pró-governamentais e os chamados grupos cívicos, próximos da oposição, têm entrado em confrontos, mas sem nunca ter chegado a este nível de violência, sublinha o El País.

A crise política vivida na Bolívia na última semana estalou depois de o candidato da oposição, Carlos Mesa, ter acusado o actual Presidente e candidato à reeleição, Evo Morales, de fraude eleitoral. A forma como a contagem dos votos decorreu levantou várias suspeitas. A certa altura, quando parecia que o cenário mais certo seria a marcação de uma segunda volta – é necessário ter pelo menos 50% dos votos para ser eleito à primeira volta –, a contagem foi interrompida, levando muitos observadores a recearem uma manipulação do processo.

Quando os resultados finais contrariaram as previsões e atribuíram a reeleição de Morales sem necessidade de uma segunda volta, Mesa contestou de imediato os resultados. Morales, que está no poder desde 2006, acusou o seu adversário de estar a orquestrar um “golpe de Estado” e as ruas inflamaram-se.

Para tentar pôr fim ao diferendo, a Organização de Estados Americanos (OEA) vai iniciar esta quinta-feira uma auditoria ao processo eleitoral. Porém, a iniciativa do organismo regional poderá não ser suficiente para acalmar os ânimos na Bolívia. Mesa, o candidato da oposição, já recusou participar na auditoria, por considerar que os termos do procedimento foram acordados de forma unilateral, entre a OEA e o Governo, sem a intervenção da oposição.

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