Roma, “a perfeita expressão de um país neofascista”

©Antonio Privitera
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O siciliano Antonio Privitera, fotógrafo "revelação" da presente edição do Festival Internacional de Fotografia Encontros da Imagem, considera que a tensão política em Itália "atingiu um nível muito elevado nestes últimos anos". E culpa o populismo: o mesmo que permitiu ao político do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, a ocupação de cargos políticos relevantes no país. O fotógrafo está seguro de que este movimento populista surge em resposta a algo de errado no seio da sociedade italiana. "De que temos medo, afinal? De que necessitamos?", indaga Privitera. Terão os italianos esquecido Mussolini? Terão medo do presente? Do futuro? 

Entre 2016 e 2019, o fotógrafo italiano registou a paisagem social da capital italiana, a cidade que acredita ter bem patentes "as múltiplas faces de uma sociedade contemporânea" de Itália, que considera fragmentada, cansada, amedrontada. O projecto Bianco di Stanchezza (Branco de Cansaço, em tradução livre), que resulta de uma "nova investigação estética" do autor — na qual a linguagem documental respira em segundo plano — é a "perfeita expressão de um país neofascista, onde os cidadãos estão cada vez mais divididos em questões cruciais como imigração, segurança, economia, progresso e humanismo", descreve. "Os mais recentes desenvolvimentos políticos, a nível local e nacional, estão a suscitar medo e ira [nos italianos]", justifica, por email, em entrevista ao P3. "Estes ingredientes, em conjunto com a ignorância, conduzem ao ressurgimento de um tipo de violência (verbal) que é típica do neofascismo", opina, confirmando tratar-se, esta, de uma visão pessoal que optou por não justificar extensivamente.

"Esta é uma longa jornada através dos mil submundos que se encontram e fundem numa cidade tão complexa como Roma", discorre. A série de fotografias que submeteu à apreciação dos Encontros da Imagem, e que foi distinguida, "é fruto de uma reflexão interior", confessa; ao mesmo tempo, Privitera considera-a "um espelho fidedigno de Itália". "Através deste trabalho, pretendo levantar questões sobre a vida quotidiana em Roma. Ainda há esperança e graciosidade para os seres humanos?" 

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