Joshua Wong impedido de concorrer às eleições em Hong Kong

O jovem político de 22 anos, líder do partido Demosisto, foi o único candidato excluído. “Advogar ou promover a ‘autodeterminação’ é contrária ao conteúdo da legislação” que determina que a cidade é parte da China.

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Joshua Wong JEROME FAVRE/EPA

Joshua Wong, figura proeminente do movimento pró-democracia em Hong Kong e líder do partido Demosisto, anunciou nesta terça-feira que foi impedido de concorrer às próximas eleições locais, enquanto o território atravessa a pior crise política desde 1997. Wong afirma ter sido o único candidato excluído das eleições para o conselho distrital, a 24 de Novembro.

O governo apresentou as suas razões: o jovem político de 22 anos defende que a população de Hong Kong tem direito a escolher a sua organização política, com a independência como opção. Ora, para as as autoridades de Hong Kong, essas afirmações são incompatíveis com a Lei Básica da região, que determina que a cidade é parte da China, cita o New York Times, e por isso a candidatura foi considerada inválida.

“O candidato não obedece aos requerimentos das leis eleitorais, uma vez que advogar ou promover a ‘autodeterminação’ é contrária ao conteúdo da legislação que requer que um candidato respeite a Lei Básica e lhe preste juramento”, esclareceu o governo de Hong Kong em comunicado.

Wong afirma que a decisão é o resultado directo da interferência de Pequim nas eleições locais em Hong Kong, vistas como um teste ao sentimento popular sobre a onda de protestos que tem abalado a região. Numa conferência de imprensa, em frente à sede do governo local, Wong disse que a decisão de o afastar da corrida foi “uma ordem política vinda de Pequim” e que as autoridades estavam a agir como uma “polícia de pensamento”.

“Condeno o facto de o Governo estar envolvido em filtragem e censura políticas, privando-me dos meus direitos”, afirmou Joshua Wong, de 22 anos, numa mensagem divulgada no Facebook. Uma vez que não vai poder concorrer, Wong apelou ao voto em Kelvin Lam, candidato apontado para o substituir caso fosse afastado. 

Wong ganhou notoriedade em 2014, quando foi um dos líderes do movimento pró-democracia conhecido como Revolução dos Guarda-chuvas, que organizou actos de desobediência civil durante mais de dois meses para exigir o sufrágio universal na região administrativa especial chinesa.

No mês passado, quando anunciou que ia concorrer às eleições em Novembro, advertiu que qualquer tentativa de desqualificação apenas resultaria em mais apoio aos protestos pró-democracia.

Também descreveu a votação como crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que a população está mais determinada do que nunca para vencer a batalha por mais direitos. “Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse.

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