Cada vez mais popular, TikTok prepara entrada na bolsa de Hong Kong

A aplicação, que é um fenómeno de popularidade entre os adolescentes de todo o mundo, vale cerca de 67 mil milhões de euros.

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A TikTok é detida pela startup chinesa ByteDance Reuters

A aplicação chinesa TikTok, que permite gravar e partilhar vídeos curtos em directo e tem mais de 700 milhões de utilizadores activos, está a preparar a sua entrada em bolsa, avançou o Financial Times.

A TikTok é particularmente famosa entre os mais novos e é detida pela startup chinesa ByteDance, estando disponível em 150 países (incluindo Portugal). Segundo o Financial Times, está a preparar-se para entrar na bolsa de Hong Kong já no início de 2020.

Contactada pelo jornal britânico, a empresa desmentiu “os rumores”.

Criada há sete anos por uma das poucas startups chinesas que conseguiu fazer um percurso significativo nos mercados internacionais, a TikTok está avaliada em cerca de 75 mil milhões de dólares (cerca de 67 mil milhões de euros).

Apesar de a TikTok não divulgar habitualmente o número de utilizadores, em 2018 apontava-se para um número redondo, de 500 milhões. Hoje, segundo o Wall Street Journal, a aplicação tem entre 700 a 800 milhões de utilizadores activos (acima dos 300 milhões do Twitter), dos quais mais de metade estarão na China e os restantes espalhados pelo mundo. Actualmente é uma das aplicações móveis mais descarregada nos Estados Unidos.

No final de Setembro, a Reuters noticiou que as receitas da ByteDance (que também é dona da aplicação de notícias Jinri Toutiao) ficaram num intervalo entre os sete mil e os 8,4 mil milhões de dólares, no primeiro semestre deste ano.

Uma aplicação cada vez mais vigiada

O facto de ser um fenómeno de popularidade, particularmente entre os adolescentes, já colocou a aplicação sob o escrutínio político. Na Índia, foi mesmo temporariamente banida depois de ser acusada de ser usada para incitar ao ódio racial e disseminar pornografia.

Nos Estados Unidos, onde, segundo o site especializado Business of Apps, tinha, em Fevereiro, pelo menos 40 milhões de utilizadores activos, os senadores Charles Schumer e Tom Cotton pediram que fosse investigada pelos serviços de informações devido aos “riscos para a segurança nacional decorrentes da sua utilização crescente”.

Segundo o Financial Times, a empresa chinesa já contratou uma firma de advogados norte-americana, a K&L Gates, para a aconselhar em face da crescente mediatização e contestação.

Além disso, a ByteDance está a contratar vários ex-funcionários governamentais norte-americanos para que a ajudem a combater as reservas dos congressistas norte-americanos face às empresas chinesas.

“Eles precisam de mais influência política antes de irem para a bolsa”, disse ao Financial Times um banqueiro familiarizado com os planos de dispersão de capital. “Mesmo que entrem na bolsa de Hong Kong, têm de dar resposta às preocupações dos investidores norte-americanos”, acrescentou.

A estratégia para combater a oposição nos Estados Unidos poderá passar, segundo o jornal britânico, pela venda da plataforma de vídeos, gifs e notícias nos Estados Unidos, a TopBuzz.

Há o receio, por exemplo, de que a empresa chinesa possa censurar notícias e assuntos desfavoráveis à República Popular da China, como os protestos em Hong Kong ou as violações dos direitos humanos em Xinjiang, onde, segundo a Amnistia Internacional, se estima que um milhão de pessoas esteja detida em campos de reeducação.

Outras polémicas

As polémicas em torno do TikTok não surgem apenas na frente política. No Verão foi notícia a forma como os jovens utilizadores são induzidos a gastar dinheiro com a compra de “presentes digitais” para outros utilizadores famosos da plataforma em troco de poderem ser mencionados nos seus vídeos.

Os presentes são animações ou novas funcionalidades para os vídeos, que são compradas no TikTok com dinheiro real.

Outra situação controversa envolveu a recolha de dados pessoais dos utilizadores menores de idade nos Estados Unidos, que culminou com o pagamento de uma multa de 5,7 milhões de dólares à Comissão de Comércio Federal dos Estados Unidos (FTC).

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