Saudi Aramco deverá chegar à bolsa em Dezembro

Dispersão de entre 1% a 2% do capital da petrolífera estatal da Arábia Saudita poderá render mais de 20 mil milhões de dólares.

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Reuters/Maxim Shemetov

Depois de sucessivos adiamentos, a entrada em bolsa de uma fatia de entre 1% a 2% do capital da petrolífera estatal saudita Saudi Aramco deverá realizar-se em Dezembro.

De acordo com a Reuters, que cita fontes conhecedoras do processo, a operação deverá ser anunciada já no final da semana pelas autoridades da Arábia Saudita e o preço das acções será divulgado a 17 de Novembro. O início do período de subscrição está agendado para 4 de Dezembro.

Já a Bloomberg, citando o canal de televisão Al Arabiya, avança que a estreia das acções em bolsa deverá ocorrer a 11 de Dezembro.

A entrada da Aramco na bolsa saudita, a Tadawul, será uma das maiores operações de sempre deste género (Initial Public Offering, ou IPO), e poderá valer mais do que 20 mil milhões de dólares (cerca de 18 mil milhões de euros), nota a Reuters.

A agência noticiosa questionou a petrolífera saudita sobre o avanço da operação, e a Aramco respondeu que “não comenta rumores ou especulações” e que continua a tratar dos preparativos para o IPO com os accionistas. “A companhia está pronta e o ‘timing’ dependerá das condições de mercado e será aquele que for escolhido pelos accionistas”, afirmou a empresa.

O IPO da Aramco tem sido sucessivamente adiado. Por um lado, fala-se na dificuldade dos responsáveis sauditas em convencer os investidores do rigor da avaliação que atribuem à empresa (cerca de dois biliões de dólares, num momento em que os desafios ambientais fazem questionar o futuro do sector petrolífero), por outro, há a questão da instabilidade no Médio Oriente.

Em Setembro, algumas instalações da Saudi Aramco foram atacadas com drones por rebeldes houthi do Iémen, numa retaliação pela intervenção da Arábia Saudita no país.

A Arábia Saudita começou por anunciar a intenção de vender cerca de 5% do capital da petrolífera estatal por 100 mil milhões de dólares, no âmbito de uma estratégia para reduzir a dependência da economia saudita face ao petróleo e obter fundos para investir noutros sectores económicos.

Apesar do entusiasmo por tratar-se de um dos maiores IPO de todos os tempos (e de ter sido disputado pelas principais praças financeiras e de haver eco de interesse nas acções por parte de grandes investidores russos e chineses), a operação também foi encarada com algum cepticismo.

Uma das razões foi o facto de a Saudi Aramco – que encabeça o ranking das empresas mais poluidoras do mundo – ser pouco generosa na divulgação de informação financeira, contrariando as práticas de transparência exigidas a quem quer estar no mercado de capitais.

A empresa, que lucrou cerca de 111 mil milhões de dólares em 2018, já anunciou, numa tentativa de atrair investidores, que pretende distribuir 75 mil milhões de dólares em dividendos no próximo ano.
 

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